domingo, 26 de julho de 2009

O PROCESSO DE NUCLEARIZAÇÃO EM CANDÓI - SUA RELAÇÃO COM OS CONTEXTOS COMUNITÁRIOS E A EDUCAÇÃO DO CAMPO






















Este foi o título da Pesquisa de campo que realizei entre (a partir da seleção: 11/2006) 2007 e (fevereiro) 2008 em Candói/PR, como parte da Especialização em Educação do Campo que realizamos em mais de 80 Educadores através da UFPR, sob Orientação da Educadora Drª. Sônia Guariza Miranda.
"Já disse o homem que depois
Morreu e ficou na memória.
Que existe uma coisa na roda da história
Que uma camada pra trás quer rodar.
Mas estes não servem
Pra pôr suas mãos nesta manivela
Ficarão à margem olhando da janela
A luta do povo esta roda girar".
(Letra: Ademar Bogo; CD Arte em Movimento).
Parte do SUMÁRIO (que indica os caminhos da Pesquisa):
II- CAMINHOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS _14
III- A PALAVRA DOS SUJEITOS DA EDUCAÇÃO, DO CAMPO E OUTROS _20
3.1 Contexto do Município de Candói e o PN _21
3.2 Alguns custos do investimento no PN de Candói _24
3.3 A visão da comunidade sobre o PN e as decorrências para o campo _25
3.3.1 Benefícios e prejuízos do PN em Candói _26
3.3.2 Sobre a presença da democracia no PN _32
3.3.3 Recepção das comunidades ao PN _35
3.3.4 Reação das comunidades à retirada das Escolas Rurais _36
3.3.5 Justificativas do poder público municipal para nuclearizar _39
3.3.6 Outra saída ou solução ao PN _40
3.3.7 A importância da escola rural antes do PN _42
3.3.8 A participação das mães e dos pais antes do PN nas escolas rurais _45
3.3.9 A participação na escola depois do PN _47
3.3.10 As condições de vida das comunidades após a nuclearização _51
3.3.11 Se houve problemas para as escolas núcleos depois do PN _54
3.3.12 O currículo e os contextos campesino e urbano _56
3.3.13 A escola núcleo em relação à aprendizagem dos alunos _59
CONSIDERAÇÕES FINAIS _62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E FONTES _67
RESUMO
Quando participávamos do processo de escolha de um tema de pesquisa, procuramos fazê-lo de modo que contribuíssemos com a sociedade e especialmente com o povo do campo, em afinidade com a proposta da especialização, em Educação do Campo. Escolhemos então o 'Processo de Nuclearização' como nosso foco de pesquisa e as decorrências comunitárias em Candói. Procuramos embasar nossa pesquisa e análise dos dados levantados a partir do Materialismo Histórico Dialético e assim referenciamos com fontes bibliográficas, o quanto possível, na perspectiva marxista. Também esta empreitada foi um processo de conversão (transformação) saindo de uma visão voluntariosa, porém carente de fundamentação, e que muitas vezes serviu de alavanca para o reformismo tão presente, que nada transforma, mas muda para deixar tudo como sempre esteve. Isto é, as elites permanecem sempre como detentoras de todas as situações (econômica, política, social e cultural) e a maioria do povo é excluída das decisões, mesmo nas questões que mais diretamente lhe dizem respeito. E foi, por exemplo, o que aconteceu com a Educação em Candói a partir de 1995 até 2000. O Processo de Nuclearização (PN) do Ensino Escolar, em Candói, seguiu uma tendência que já vinha de anos acontecendo no Estado do Paraná, atendendo a exigências dos financiadores internacionais. O principal objetivo da pesquisa foi entender como isto se deu e as suas decorrências, sendo uma delas o processo de extinção de algumas comunidades, através do seu esvaziamento e o conseqüente inchaço da cidade. E, ao final, além dos prejuízos constatados, advindos do PN, constatou-se a necessidade de uma Educação contextualizada, a partir do campo, com vista à emancipação da mulher e homem camponeses. Estes, através das pessoas entrevistadas na pesquisa de campo (mães, pais, professoras/es, gestores e líderes), em seus depoimentos, levantaram muitos problemas devido ao PN. Primeiramente o choque da imposição e do fechamento das escolas rurais (um total de cinqüenta e quatro), da falta de diálogo e argumento convincente que justificasse tal processo. Depois mostraram o caos que foi criado nos núcleos de ensino (seis localidades com suas escolas), com superlotações de alunos por turmas, espaços coletivos parecendo uma babel, com todas as professoras falando ao mesmo tempo e rumor da gurizada. Falaram da estrutura de transporte (ônibus velhos), com estradas sem conservação; das longas distâncias percorridas por seus filhos (as), cedo da madrugada e, por vezes, horas passadas do meio dia. Some-se a estes problemas a falta de um projeto político pedagógico contextualizado com a realidade e anseios do campo. Ao contrário, o que continuou foi um programa curricular urbano, pois as escolas de antes da nuclearização já eram estruturadas com ensino nesta linha. O que aconteceu foi exacerbar o processo de alienação e desestímulo para a não permanência no campo com justiça, qualidade e satisfação de viver.

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