segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CANDÓI E AS USINAS HIDRELÉTRICAS

          Candói é um dos municípios campeões em número de Usinas Hidrelétricas (UHs) em seus rios ou lagos originados por conta das UHs. Em seus limites, ou nos rios que margeiam o município, temos a UH de Salto Santiago, no R. Iguaçu (construída entre os anos 70 e 80), da qual nos "beneficiamos" com o lago. Temos a UH do R. Cavernoso (a mais antiga). Recentemente (final de século XX e primeira década do séc. XXI) foram construídas as duas UHs de Santa Clara e Fundão, no Rio Jordão. E nos últimos anos foi inaugurada a segunda no Rio Cavernoso, a PCH Cavernoso II, a poucos metros da antiga. O processo de construção das UHs gerou frentes de trabalho temporário, que atendeu parcialmente à mão de obra ociosa ou àqueles trabalhadores que procuravam formas de trabalho mais rentáveis e dignas. Concomitantemente ao desenvolvimento das obras houve um incremente à economia local.
          A energia elétrica é um dos resultados das UHs que atende às demandas de energia para a iluminação domésticas, para mover as máquinas e as indústrias mais diversas... e até automóveis. É uma energia limpa. Porém para implantar uma hidrelétrica é preciso acabar com biomas, ao se destruir áreas de florestas, exterminar a fauna, a biodiversidade, trazer impactos e modificações do clima da região, afetada pelos lagos e espelho d'água deles decorrentes, expulsar os camponeses, os povos e as comunidades tradicionais de suas áreas de ocupações históricas, empurrando-os para as cidades ou situações muitas vezes em nada parecidas com as originais, destruir áreas de cultivos agrícolas ou de criação animal.
          Mas levantadas estas questões a favor e contra, nos perguntamos: em que aspectos o Município de Candói é beneficiado? Temos uma tarifa muito alta cobrada pela energia, seja para o consumo doméstico, seja para o comércio e a indústria. Durante o "boom" das construções de UHs a economia local se fortalece, as escolas superlotam de crianças, os casos de violência aumentam e, ao final, meninas/moças ficam grávidas e filhos ficam sem saber quem são seus pais. E cabe a questão: que projetos de compensação foram ou estão sendo implantados no Município de Candói para minimizar os impactos ambientais, sociais e culturais resultantes da construção das UHs? O Parque Santa Clara era pra ser revitalizado ou, emfim, implantado na área da Estância Hidromineral Santa Clara e entorno das duas UHs do Rio Jordão, mas não avançou para além do papel, folders e discurso "para inglês ver e ouvir"! A Estância Hidromineral Santa Clara (ao tempo do Hotel Candeias, não fosse um contrato mal feito entre Governo do PR...) era conhecida no PR, em muitas regiões do BR e até no exterior. E hoje o que temos ali? Um rico e potencial espaço de lazer, Educação Ambiental, em estado de abandono, em deteriorização, caindo literalmente os pedaços! E por que à época da construção das UHs, nos anos 70, os governos e instituições governamentais não se planejaram para colocar o Código Florestal Brasileiro (1965), um dos mais perfeitos do mundo, na ordem do dia e na execução dos projetos e reservas legais permanentes, que adviriam das novas UHs? A poucos anos começou uma pressão sem tamanho sobre os ribeirinhos que ocupam as áreas do entorno dos lagos das UHs para que preservem, recomponham, etc. Mas eles não têm que pagar o preço pela incompetência e falta de visão dos governantes! Ah, seria por isso, então, por exemplo, que se está promovendo a destruição do originário Código Florestal Brasileiro e a criação de um "novo código florestal", a fim de minimizar responsabilidades e colocar em risco e destruição do pouco que sobra de APPs e ARLs, encostas íngremes, fundos de vale, nascentes, pântanos, dentre outros? Eis os benefícios e os prejuízos das UHs de Candói! 

DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO DA EDUCAÇÃO, DA SAÚDE E DO SANEAMENTO BÁSICO

          O Programa Fantástico (28.02.11) denuncia que as cidades de Curralinho (PA), S. Sebastião da Boa Vista (PA) e Tefé (AM) sofrem com o desvio de milhões do dinheiro público destinado à Educação, à Saúde e ao Saneamento (ou gestão dos resíduos sólidos, lixo). Poderia se dizer "Curralzinho" ou  'Candoizinho', mas aqui não acontece estas coisas! Aqui estamos no paraíso da "civilização" e da Democracia! Aqui o Povo Participa, acompanha a Administração Publica, os Vereadores cumprem seu papel de fiscais do Povo sobre os atos do Executivo, a Transparência é uma realidade. Aqui não temos problemas de falta de material escolar aos educandos (alunos), não temos problemas de falta de remédios nos Postos de Saúde ou de falta de médicos e o nosso Lixo está devidamente encaminhado (só está sendo levado para outro Município e até Estado e não sabemos a que custo, desde que o Ministério Público e o IAP interditaram nosso LIXÃO, segundo a imprensa local).
          O problema daquelas cidades não é a falta de dinheiro, mas a má gestão dos recursos públicos. O dinheiro chega, mas fraude nas licitações, empresas que deveriam fornecer material após processo licitatório não o fazem, existe prestação de contas dos recursos (notas) que chegam aos municípios, mas é só de fachada, pois os mesmos foram desviados (segundo o Programa Fantástico e denúncias das populações locais). Porque nota é possível tirar em comum acordo com as empresas fornecedoras mas através de mutretas e maracutaias os produtos ou serviços não serem entregues e/ou executados. Eis a questão sobre a qual eu falava a poucos dias: 'DA AUSTERIDADE PÚBLICA AO SAQUE DO QUE É PÚBLICO'. Nem tudo o que parece é! Porém em se tratando das questões do BEM COMUM deveriam ser de fato, não de "faz de conta" ou de mentira!     

domingo, 27 de fevereiro de 2011

OS DOMINGOS PRECISAM DE FERIADOS

Rabino Nilton Bonder
         Toda sexta-feira à noite começa o Shabat para a tradição judaica.
         Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino no sétimo dia da Criação.
         Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo.
         A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.
         Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.
          Hoje, o tempo de "pausa" é preenchido por diversão e alienação.
         Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações para não nos ocuparmos. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições.
          Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo...
        Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.
          Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente.
         As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado...
         Nossos namorados querem "ficar", trocando o "ser" pelo "estar".
         Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos?
         Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante.
         Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos...
         Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida.
          A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é: o que vamos fazer hoje? Já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de domingo.
          Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande "radical livre" que envelhece nossa alegria - o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.
          Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.
          Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.
         Fonte: AQUI.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

COLETIVIDADE X COLETIVISMO

            Se faz muita confusão entre os vocábulos "PESSOAL, COLETIVO, INDIVIDUALISMO E COLETIVISMO", isto quando não se confunde os seus significados, fazendo-se a maior "salada de frutas". De qualquer modo partamos do pressuposto de que falamos da pessoa humana e da sociedade, enquanto coletividade. De certa maneira estamos tratando do bem pessoal e do bem comum. O bem pessoal não pode contraditar o bem comum. E o bem comum seria a soma dos bens pessoais e, portanto, teria mais força.
          As ciências humanas e sociais já tratam destas questões a muito tempo. A História, por exemplo, discorre sobre a vida humana, a pessoa, no tempo e no espaço, e e sobre o coletivo correspondente, a sociedade ou as diferentes sociedades humanas, os processos de evolução e transformação pessoal e das coletividades. A Geografia analisa como as sociedades humanas desenvolvem o processo de ocupação, modificação e transformação dos espaços do Planeta Terra. Como são utilizados os recursos naturais, como são apropriados por um grupo ou outro em prejuízo de terceiros. Estuda ainda como a interferência das pessoas e das sociedades pode desencadear transformações tão predatórias que chegam a modificar não apenas o relevo, a flora e a fauna, mas o ar, o clima, a hidrografia e a saúde ambiental do Planeta Terra. A Psicologia discorre sobre o comportamento da pessoa e dos coletivos humanos. O conjunto das características pessoais predominantes de um povo que determina o comportamento dos grupos sociais ou das coletividades, as sociedades. A Sociologia estuda os grupos sociais, as divisões da coletividade em castas, estamentos e classes sociais e a sua dinâmica, a sua mobilidade, a passagem de uma "condição social" de mais pobre para rico ou vice versa.

          Feito este rascunho científico, imediatamente podemos afirmar que da vida humana pessoal, das sociedades ou das coletividades, dependendo de suas consciências, de suas atitudes ou comportamentos, do seu grau de organização social, política, econômica, cultural, ambiental, resultam benefícios, prejuízos ou desastres que atingem toda a coletividade humana, seja eu como pessoa  culpado ou não! Mas as consequências dos meus atos, das atitudes ou dos comportamentos do meus semelhantes, podem atingir toda a sociedade humana em dimensão planetária.

          Daí porque não conseguimos entender a insistência de "estudiosos" que teimam em fazer guerra contra a ideia e a realidade de que formamos um coletivo humano e de que somos todos interdependentes. E para negar esta realidade determinados sofistas hodiernos ("estudiosos") utilizam-se das piores falácias para desviar a atenção do que temos levantado e afirmado anteriormente. Eles têm medo de palavras como coletividade, coletivo, porque elas nos remetem à memória do chamado "socialismo real" (que supostamente desmoronou ao final dos anos 80, especialmente no leste europeu). De fato, aqueles regimes prescindiram da chamada democracia, das liberdades de expressão, de participação, das decisões pessoal e coletiva e o povo vivia sob pesado burocratismo estatal. Grupos empoderados se sobrepuseram a tudo e a todos... E o descontentamento das populações foi incomensurável.

          De forma alguma negamos a dimensão pessoal, do indivíduo, mas ela absolutamente não pode sobrepor-se aos ditames das necessidades ou das demandas coletivas, visto que o tempo, o espaço e os recursos são os mesmos e deveriam ser comum a toda a humanidade. Logo, em nosso entendimento, os defensores do individualismo absoluto pretendem justificar as desigualdades sociais, as ações ou projetos de indivíduos ou de pequenos grupos dominantes, que assenhoram-se de tudo para eles, somente, e a maioria que se dane, que se arrebente, que se vire e "salve-se quem puder!" Aliás, o dicionário online de português explica: "a coletividade é a essência da sociedade. Conjunto de seres que constituem corpo coletivo; comunidade: as coletividades não procedem como os indivíduos".         

         Consequentemente muitas são as doutrinas, as teorias, as ideologias que defendem ferrenhamente o individualismo em detrimento da visão, da necessidade e das demandas da coletividade. Dai vem o liberalismo, que comumente o povo faz gozação dizendo "liberou geral", mas que se formos estudar perceberemos que é um conjunto de doutrinas econômicas e políticas que prevê a liberdade para poucos, do tipo, "quem pode mais chora menos!" Do mesmo modo o neoliberalismo, na segunda metade do século XX, seguindo o liberalismo clássico dos séculos anteriores, prega a necessidade do "estado mínimo" para que grupos dominantes possam se expandir indeterminadamente, sem limites ou peia alguma. E para acalmar os ânimos da maioria da população, dos pobres, dos miseráveis, dos excluídos da sociedade (dos que não não são nada!) defendem as "políticas de compensação" ou "compensatórias". Isto é, já que o mundo tem que se organizar do ponto de vista da "livre iniciativa", da "livre concorrência", da competição, do individualismo... o Estado deixaria de ser a instituição  com a função de organizar a vida em sociedade, de regulamentar os espaços e as diferentes dimensões sociais... De cobrar impostos e aplicá-los de forma a beneficiar toda a coletividade com políticas, serviços e obras públicas. E, consequentemente, o mundo do neoliberalismo, é a proposta da instituição da barbárie ou da ditadura da economia, já que a economia estaria livre de entraves estatais e poderia fazer o que quisesse e como bem entendesse.
 
          Por conta do "estado mínimo" e das "políticas compensatórias", preconizadas pelo neoliberalismo, é que se instituiu o "seguro desemprego", as "bolsas famílias" (que já tiveram diferentes nomenclaturas), o "leite das crianças" e até a "merenda escolar" (creio eu), dentre outras. E mais, "outra faceta específica da política neoliberal também atinge diretamente a relação de gastos que o Estado mantém com as necessidades essenciais da sociedade civil. De acordo com tal teoria, os gastos públicos do governo neoliberal com educação, previdência social e outras ações de cunho assistencial devem ser reduzidas ao máximo. Caso essas demandas se ampliassem, o próprio desenvolvimento da economia proveria meios para que a sociedade civil resolvesse tais questões" (BrEscola).

         Rumando para algumas considerações finais, gostaria de, provisoriamente, fazer algumas afirmações e questionamentos. Antes de tudo afirmar que alguns dos ismos históricos trouxeram grandes danos à coletividade humana e à sua base planetária. Pergunto: os países que primam sua organização pelo individualismo ou, para ser mais polido, pelo valor da pessoa, (como os EUA, a Inglaterra, a Suiça, a Alemanha, a França, a Itália, dentre outros) resolveram os problemas da fome, do analfabetismo, do trabalho (ou do sesemprego), da renda, da moradia, da violência, da exclusão, do descontentamento e da infelicidade humana? E se o conseguiram, que mecanismos utilizaram? Não lançaram mão da exploração ou extermínio de outros continentes (África, América, Ásia) e de suas populações (genocídio das coletividades)? O modelo da "sociedade desenvolvimentista" (baseada no modo capitalista de produção),  que prima pelo individualismo, tem provado que o Planeta Terra segue para a insustentabilidade, para o fim da biodiversidade e  a para a autodestruição. Há uma urgência - sem negar as conquistas das ciências e as tamanhas burradas cometidas (por quem faz uso das descobertas e tecnologias, nem sempre utilizadas para fins de contribuir com toda a humanidade, mas para dominar, destruir, concentrar riquezas) - de desacelerarmos tanto a nível pessoal quanto da coletividade, repensarmos o que estamos fazendo neste pequeníssimo planeta "perdido no universo" (me desculpem a expressão, mas somos um montículo de pó diante da grandiosidade universal) e definirmos uma nova civilização humana planetária, que a bem da verdade já está em curso (e para justificar esta necessidade tem um cem número de teóricos estudando e produzindo conhecimento sobre esta temática) ou arcaremos com as consequências de processo individualista, excludente e autodestrutivo!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A NUCLEARIZAÇÃO DAS ESCOLAS EM CANDÓI III: RESULTADOS

          Como já afirmamos anteriormente, foram fechadas mais de 50 escolas do campo (as chamadas Escolas Rurais Municipais) em Candói, entre 1995 e 2000. Em seu lugar foram mantidos cinco núcleos escolares para onde se concentraram todos os alunos do município. E algumas justificativas para tal ação, feita à revelia da vontade soberana do povo, estavam relacionadas a “professoras que não trabalhavam direito”, isto é, lecionavam parte da semana e no restante não apareciam na escola; se disse que as professoras não estavam preparadas (capacitadas), que elas eram leigas, então teria que trazê-las para a cidade para dar-lhes curso de capacitação; se afirmou que as professoras teriam que dar conta de lecionar (“dar aula”), que enquanto elas lecionavam para uma série as demais ficavam ociosas (o que é contestado por entrevistados que estudaram em “escolas multisseriadas”, como eu, por exemplo); que elas tinham ainda que cuidar da merenda, da limpeza e de tantos assuntos quanto mais houvessem para resolver.
          Perguntamos-nos: mediante que condições aquelas crianças foram arrancadas do convívio de suas famílias, da professora que conheciam, com quem conviviam e confiavam; de sua comunidade, de sua realidade, de seu contexto geográfico, histórico, cultural, material?  
          Segundo pesquisa realizada com as mães, os pais, as educadoras, membros de algumas instituições e das comunidades, todos foram unânimes em afirmar que as condições não eram nada boas, inclusive eram de grandes riscos. As estradas em sua maioria estavam em péssimas condições. Os ônibus do transporte escolar eram umas “latas velhas” perigosas e muitas vezes estragavam. Tinham que sair de casa pela madrugada (por vezes levadas pela família até os locais por onde transitavam os ônibus) e retornavam horas depois do almoço. Quando chovia o transporte encalhava, não chegava a seus destinos e as crianças ficavam muitos dias sem escola e sem estudar. Como parte das educadoras necessitava do transporte escolar, quando chovia estas ficavam em situação muito difícil, pois algumas vezes tinham que ficar nos núcleos em condições arranjadas, abandonar suas casas, maridos, filhos, ou até faltar às escolas. Por vezes os estudantes e as mestras tinham que andar quilômetros a pé, no barro ou abaixo de chuva, à noite.
          As escolas não apresentavam estruturas adequadas para acomodar as crianças e as turmas ficaram muitas vezes em salas improvisadas, em barracões, cada uma em um canto, sob calor, barulheira desgastante e estressante, onde o trabalho de uma atrapalhava o da outra. As professoras chegaram a afirmar que os alunos perderam a ligação com as educadoras, se tornaram número, sem o necessário atendimento personalizado que lhes era dispensado nas “escolas multisseriadas”, perderam a confiança que tinham em relação à escola, em muitos casos se tornaram descompromissados com o processo pedagógico, as mães, os pais e a comunidade se afastaram da escola (já que a escola fora afastada delas por 10, 20, 30...60 ou mais quilômetros).
         Este retrato da nuclearização mostrou como resultado imediato um grande prejuízo para o desempenho escolar dos estudantes, para as professoras, para as famílias e uma grande lacuna para as comunidades. A História está sendo rememorada para não cair no esquecimento das gerações presentes e futuras e não há nada que possa lhe apagar, nem mesmo o aparente progresso que ora se apresenta no município!
(Continua parte IV).
Publicado inicialmente no Jornal Vale do Iguaçu, Candói, 23.02.11, nº. 21

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO PR VOTA CONTRA ESCOLA PÚBLICA

        "Muitos dos deputados que votaram para que o Projeto de Lei nº. 486/2005, de autoria da deputada Luciana Rafagnin (PT), fosse transformado em lei, hoje (14/02) votaram contra a proposta que defendiam no passado. Na sessão ordinária da Assembleia Legislativa do Paraná, o painel eletrônico registrou que apenas 14 dos 54 deputados foram favoráveis a rediscussão deste PL que previa a implementação gradual do número de alunos por sala de aula nas escolas da rede pública estadual. A proposição da deputada já havia sido vetada em 2006 pelo então governador Roberto Requião.
         O projeto da Luciana Rafagnin defendia o estabelecimento de até 20 alunos por sala nas turmas do Ensino Infantil e 1ª série do Ensino Fundamen­tal, até 25 alunos nas turmas de 2ªs a 4ªs séries e até 30 nas turmas de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental. No Ensino Médio as salas deveriam comportar até 35 alunos. Nesta tarde, no plenário da Assembleia, a deputada pediu a derrubada do veto argumentando que o PL impede o inchaço nas salas de aula ao instituir a redução gradativa do número máximo de alunos por turma. "Muitos deputados votaram a favor desse projeto porque reconhecem os problemas das salas de aula. O excesso de alunos por turma dificulta a transmissão e conteúdo, a aprendizagem e implica na qualidade da educação. É impossível dar uma aula de qualidade com mais de 50 alunos na sala", frizou.
         O professor Lemos também fez considerações favoráveis ao projeto antes de o mesmo ir para votação. Ele relembrou o envolvimento dos parlamentares quando da criação do PL. "O projeto da deputada Luciana acolheu o desejo de milhares de professores do Estado e de milhares de estudantes. Debatemos o tema com a deputada e ela apresentou o mesmo subscrito por 27 deputados. E o projeto já foi aprovado por unanimidade nesta Casa", destacou.
         O veto nº 23/06 do PL nº486/05 foi mantido porque apenas 14 dos 52 deputados que estiveram hoje presente na Assembleia Legislativa votaram "'Não" ao veto do ex-governador. Em 2005, o PL foi aprovado por unanimidade pelos deputados. No entanto, mesmo com os esclarecimentos sobre a importância e relevância desta proposta apenas os deputados André Bueno (PDT), Antonio Anibelli Neto (PMDB), Enio Verri (PT), Marla Tureck (PSC), Nelson Luersen (PDT), Edson Praczyk (PRB), Péricles de Mello (PT), Professor Lemos (PT), Rasca Rodrigues (PV), Tadeu Veneri (PT), Teruo Kato (PMDB), Toninho Wandscheer (PT), Waldyr Pugliesi (PMDB), além da própria deputada Luciana, foram favoráveis a melhorias na escola pública.
          A votação foi acompanhada pela presidente da APP-Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, e pelos secretários da entidade Luiz Carlos Paixão da Rocha( Imprensa), Janeslei Albuquerque (Educacional), José Ricardo Correa (Organização), Mariah Seni Vasconcelos (Geral) e Isabel Zolner (Formação Política Sindical).
                    Atenão professores de Guarapuava e Região:
         Os DEPUTADOS CESAR SILVESTRI FILHO E ARTAGÃO JR VOTARAM CONTRA O PROJETO DE REDUÇÃO DOS ALUNOS POR SALA.
          MAL ASSUMIRAM E JÁ DEMONSTRAM QUE NÃO ESTÃO A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO E FAZEM QUESTÃO DE PRESTAR UM DES-SERVIÇO AOS PROFESSORES AO MANTEREM AS SALAS DE AULA CHEIAS, COM MÉDIA DE 40 ALUNOS.
        DAQUI A 2 ANOS ELES VOLTARÃO A SE CANDIDATAR E TEMOS QUE DAR A RESPOSTA NAS URNAS, NÃO VOTANDO EM QUEM VOTA CONTRA A NOSSA CATEGORIA!!!" - Original AQUI.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

DA AUSTERIDADE PÚBLICA AO SAQUE DO QUE É PÚBLICO

           Dir-me-ão, "lá vem ele com o óbvio e ululante!" Pois é, teoricamente sim, o que escrevo é "lugar comum" nas cabeças. Entretanto na hora do vamos ver como é que fica, a prática na gestão da coisa pública é paradoxal...

Duas caras.

          O Governo, a Administração, a Gestão pública existe, em tese e legalmente, para gerir os recursos públicos, resultado dos impostos e tributos pagos pela população. E por ser público, por ser da coletividade, os recursos (dinheiro) públicos têm muito valor e devem ser respeitados, bem cuidados, bem aplicados nas políticas e serviços públicos que contemplem todo o povo, especialmente aquela parcela da população que é pobre, vive na miséria e não tem acesso aos meios de produção, como terras, máquinas, indústrias. Porém o que acontece por ai afora, muitas vezes, é o 'reverso da medalha'!  

          Um partido político deve primar em zelar pelo bem comum, que é o significado mais nobre de fazer política. E um cidadão partidário (filiado a um partido político) deve primar pelo cuidado do bem comum, através da honestidade, ética e da transparência administrativa, do respeito à participação popular e aos interesses do povo.       

          É muito comum e está no sangue, na genétíca e na cultura brasileira a ideia de tirar proveito ou levar vantagem por parte de quem está no governo em espaços públicos. A ponto de o patrimônio público ser confundido com o patrimônio pessoal (privado) dos governantes.

          Por outro lado temos observado que, à sombra da Lei de Responsabilidade Fiscal, muitos governos se escondem de suas obrigações ou passam por cima dos direitos do povo, cortando gastos com Saúde, Educação, Infraestrutura, Segurança Pública, Segurança Alimentar, dentre outras políticas públicas, para economizar o dinheiro público. Mas para que mesmo se faz esta economia?

         Em nome da austeridade fiscal e do saneamento das contas e recursos públicos se descura e se cortam gastos com pessoal que presta serviços à população, em educação e programas educacionais populares, em saúde preventiva, em obras de infraestrutura, em segurança pública, em segurança alimentar, etc., para canalizar os recursos para "empresas amigas", para dar emprego aos parentes (nem sempre para dar trabalho!) e favorecer os amigos ou clientes políticos.

        Pois Educação de verdade deixa o povo sabido, esperto, ciente dos seus direitos enquanto  cidadãos. E isto não é bom para as eleições de políticos lacaios, mentirosos, enganadores, corruptos... A Saúde preventiva não é boa igualmente, pois desfavorece as empresas que se sustentam através da saúde medicamentosa, da indútria das cirurgias e o superfaturamento nas licitações de compra de "remédios" às farmácias do serviço de saúde. Em resumo, povo doente é melhor para dominar eleitoralmente. Infraestrutura ou obras públicas (quer dizer, a serviço da população) quanto menos é melhor, porque assim abre espaços para as obras privadas a seviço de quem possui dinheiro, capital. Aliás, obras só são muito bem vindas sempre que os "donos do poder" podem superfaturar e arrancar altos percentuais das empreiteiras (propinas). A falta de Segurança Pública para o povo é boa, pois quanto mais assustado ou com medo estiver a população, então ela se retrai, não reivindica, não incomoda os acomodados ao poder. A negação da Segurança Alimentar (a disponibilidade de alimentos para o consumo dos trabalhadores e a garantia de que o que se come faz bem à saúde), porque o que interessa aos do poder é o lucro auferido mediante o comércio do agronegócio, dos veneneiros, dos poluidores e, mais uma vez, a fábrica de doenças e de doentes que advém da agricultura veneneira. Aliás, isto acontece porque a ciência em sua maioria quase absoluta não está a serviço da vida, da biodiversidade, da sustentabilidade, da autonomia dos seres humanos e da preservação planetária, mas é elitista, serve ao deus lucro e à concentração do capital para poucos. Portanto, neste caso, o público enxuto acaba por engordar os interesses de uma minoria corrupta que cresce através do saque "ao Estado de Direito" da maioria dos cidadãos! 

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A ESCOLA ENQUANTO ESPAÇO PEDAGÓGICO


Meu desenho do logotipo do CESTAC (provisório).

        
         O CESTAC (Colégio Estadual Santa Clara), em Candói/PR, depois de quase 10 anos de luta da Comunidade Escolar (diga-se: direções, educadores, agentes educacionais, mães, pais, estudantes, APMFs - voluntariamente), NRE de Guarapuava e o dedinho de alguns políticos profissionais (que não fizeram nada mais que suas obrigações, pois pagamos-lhes muito bem para isto!), conseguiu não apenas ampliar significativamente seu prédio, mas reformar e modernizar tudo. Ficou, do ponto de vista estético, muito bonito. A estrutura é contemporânea. A parte nova tem até elevador (especialmente para pessoas com necessidades especiais).
          Entretanto, nos deparamos com alguns entraves desumanizantes e antipedagógicos. Dir-me-ão que não me contento com nada e que não sou pedagogo. Ora! Tenho apenas 29 anos de experiência educacional, em uma evolução de professor até ser o educador que hoje sou (mas sempre em processo de ser) e mais um tanto de convivência com educadores, gestores de escolas, estudos e pesquisas permanentes dentro da área. Se isto não me desse um mínimo de baliza para analisar a realidade e o contexto da escola, então eu estaria em lugar errado!
         Pois bem! A primeira coisa que percebemos (e ainda na fase de obra tentamos interferir, mesmo que ali não estávamos trabalhando) é a impermeabilização de praticamente 90% do pátio (solo). São milhares de metros cúbicos de água da chuva que correm por calhas, canos, canaletas... e seguem para os lugares mais baixos até o rio! Consequentemente, o pátio ficou desnudo de vegetais, de flores, de árvores, de vida. Exceto algumas árvores antigas e algumas pequenas áreas nas duas principais entradas que, esmeradamente, tem sido pensadas pelas diretoras do CESTAC para dar um ar de vitalidade na recepção de quem chega. Em decorrência disto o pátio também ficou muito cheio de construções, concreto por todo o lado, sem áreas livres para se realizar aulas, estudos, pesquisas peripatéticas (do grego περιπατητικός), uma vez que além do espaço diminuto, quando tem sol não tem sombras refrescantes para se ficar. E, finalmente, o desenho do conjunto CESTAC é um mau exemplo de contribuição para o chamado efeito estufa... Portanto, as crianças, os adolescentes, os jovens que frequentam o CESTAC para estudar, têm que ficar restritos às quatro paredes da sala de aula (ou de estudos). O CESTAC, pelo tamanho de escola que é, teria que ter pelo menos um auditório para determinadas atividades pedagógicas (como performances, exercícios especiais, teatro, canto, música, etc) e eventos escolares. Mas os tecnocratas (políticos e engenheiros) comumente não costumam lecionar, ministrar aulas em salas abarrotadas de crianças e jovens, onde muitas vezes quase não podemos andar pelo meio da turma ou não conseguimos nos achegarmos a cada um/a para olhar seus cadernos ou atender-lhes em suas necessidades.
         Nós educadores temos que ter vocação, capacitação, formação adequada e continuada, estarmos atualizados, sempre estudarmos, lermos, pesquisarmos, escrevermos... Mas temos que ser humanos, antes de tudo, porque trabalhamos com seres humanos que chegam à escola provindos das mais diversas situações, com as mais diferentes dificuldades, com problemas não resolvidos, como pobresa, carências, traumas, conceitos e preconceitos, frutos de diferentes formas de violência, inclusive a violência institucionalizada. Este é o nosso campo! Não estamos lidando com "tabulas rasas" nem com um coletivo uniforme e com alto padrão de vida. Pelo menos não no Município de Candói!
          E neste contexto exposto, além da cidade propriamente dita (suas ruas, seus cantos e recantos), poderemos contar em um futuro próximo com o Parque dos Votorões (a menos de 100 m do CESTAC), suas trilhas, seu bioma formado pela floresta de araucárias centenárias (e muitas outras espécies), aves, alguns animais, suas nascentes e riachos, suas instalações na entrada do parque (salas para estudo, educação ambiental, projeções, cursos, dentre outros). Se tivermos ônibus à disposição poderemos fazer visitas de estudo, de pesquisa, participarmos de eventos educacionais fora da escola e até do município. Mas estas possibilidades ainda fazem parte apenas da esperança... Estamos fazendo e ainda vamos fazer a nossa parte juntamente com companheir@s de boa vontade para tornar este espaço mais humanizado e ambientalmente saudável!
         A música FLORES MORTAS (Leno) poderia ser uma das ilustrações deste quadro  aqui pintado:
No lugar onde em criança,
Eu brincava e sonhava.
Hoje tudo é feio e triste,
Nada existe prá sonhar,
Porque, porque, eu não sei.

No lugar daquela arvore
Onde escrevi seu nome
Corre agora uma avenida
Por onde você se foi.
Porque, porque,
Porque, o amor se esconde
Entre a fumaça e ninguém ve.
E pouco a pouco as flores
Deixam de nascer.

A ambição faz com que esqueça,
Quanto vale a natureza.
É de asfalto e de concreto,
Que eles plantam o seu jardim.
Ver vídeo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A NOSSA JABUTICABA, HEIM? QUEM DIRIA...

      "A jabuticaba, nossa pequena notável!!! Fruta 100% brasileira. É dela que vamos falar. Discreta no quintal de nossa casa, ela contém teores espantosos de substâncias protetoras do peito. Ganha até da uva, e provavelmente do vinho que é festejado no mundo inteiro por evitar infartos.
      Você vai conhecer agora uma revelação científica, e das boas, que acaba de cair do pé.
      Por Regina Pereira
      A química Daniela Brotto Terci nem estava preocupada com as coisas que se passam com o coração. Tudo o que ela queria, em um laboratório da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista, era encontrar na natureza pigmentos capazes de substituir os corantes artificiais usados na indústria alimentícia. E, claro, quando se fala em cores a jabuticaba chama a atenção.  CL Walter Aggio Filho,  21-Set-2009
 Continua:  Clique em Saúde e Lazer   

domingo, 13 de fevereiro de 2011

DITADOR HOSNI MUBARAK RENUNCIA NO EGITO

Concentração e festa popular na Praça Tahrir, Cairo.
          Após 30 anos de governo ditatorial, sob os auspícios e bençãos dos Estados Unidos da América, um governo subserviente aos interesses estadunidense na Região do Oriente Médio, sob a pressão do movimento popular de violentos protestos dos últimos dias, Osni Mubarak (82 anos) renunciou ao poder (11/02/2011). A alegria tomou conta dos manifestantes na Praça Tahrir, no Cairo, epicentro da organização do povo egípcio, onde cantou: "o povo derrubou o regime!". Do Cairo os protestos tinham se espalhado por outras cidades como Alexandria, Suez, Damietta , Damnhur, Asuit, Sohag, Bani Swfi, Port Said e Mansoura.
          Sobre Mubarak pesavam acusações de abuso de poder e de autoridade, corrupção, repressão contra o povo, prisões arbitrárias, estado de emergência em vigor há 30 anos, processo eletivo manipulado e controlado, com maioria absoluta do legislativo para controlar o poder com mãos de ferro, sob uma economia de orientação neoliberal, que mantinha a população desempregada, marginalizada, fora do processo de desenvolvimento.
Fogos de artifício e grande comemoração em Cairo.
          Além da vitória inicial do povo egípcio, o saldo de mortos chega a quase 300 pessoas, além de mortes de jornalistas e ataques à imprensa. A renúncia fora anunciada pelo vice Omar Suleiman. "Diante das difíceis circunstâncias que o país está atravessando, o presidente Hosni Mubarak decidiu deixar a presidência da República. Os assuntos de Estado serão dirigidos pelo Conselho das Forças Armadas", disse Suleiman através da TV estatal.
          As bases históricas de governos independentes nos países árabes ou islãmicos vem do século XIX, com o Movimento Pan Islamismo, idealizado inicialmente por  Jamal al-Din al-Afghani. Mas firmou-se em meados do século XX para fazer resistência à influência dos EUA na região. Porém os EUA urdiram e derrubaram um a um diversos destes governos dos referidos países e apoiaram as ditaduras que surgiram na sequência, por muitas décadas, até hoje. Enquanto os Estados Unidos decreta bloqueio econômico conta a Ilha e o Governo de Cuba, pregando a necessidade de Democracia na terra de Fidel Castro, no País Comunista, porque não se alinha aos interesses econômicos norteamericanos, no Oriente Médio (e outras regiões do Planeta) eles apoiam tranquilamente as ditaduras, sem fazer o menor movimento contra os terríveis governos punhos de ferro, como este do Egito, da Arábia Saudita e outras ditaduras amigas, parceiras econômicas no Oriente Médio.       

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A NOVA LOGOMARCA DO GOVERNO FEDERAL

         

          A ministra-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom/PR), Helena Chagas, apresentou à imprensa nesta quinta-feira (10/02/2011), no Palácio do Planalto, a nova logomarca do governo federal.
          Por meio do slogan "País rico é país sem pobreza", o governo reafirma o compromisso firmado pela presidenta logo após vencer as eleições, que é dar prioridade à erradicação da miséria e redução da pobreza extrema no País.
          A concepção da marca foi solicitada pela Secom e é uma evolução da anterior. Ela foi criada e doada pelo diretor de arte Marcelo Kertész, que trabalha na equipe do publicitário João Santana. Não houve custo para o governo.
          Ainda este mês, a Secom apresentará o Manual de Aplicação para uso pelos órgãos que integram o Sistema de Comunicação do Poder Executivo Federal (Sicom).
          Até lá, a marca anterior e seu manual continuam vigentes, sem necessidade de retirada ou mudança.

PT 31 ANOS DE ORGANIZAÇÃO, LUTA E TRANSFORMAÇÃO

O PT completa 31 anos nesta quinta-feira (10/02/2011). Fundado em 1980, o partido nasceu da “luta operária do ABC paulista por melhores salários e condições de trabalho”, como é descrito em seu site. Para Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul, “são 31 anos de um partido que não surgiu dos gabinetes, não surgiu de cima pra baixo, nem do Executivo, nem do Legislativo, foi conquistando espaços pelo projeto, postura e candidaturas que surgiram dentro do movimento sindical democrático”.
          Dutra, que foi um dos fundadores do partido, conta que conheceu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1975: “ele era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e eu presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e região”, lembra. Nesta época, os sindicatos contestavam os cálculos de reajuste salarial feito pelo ex-ministro da Fazenda, Antônio Delfim Neto.
         A partir daí, começaram as reuniões sindicais e “em 1980 legalizamos o PT, levamos para o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] estatutos, assinaturas necessárias e toda a documentação”, disse. “Estou na fotografia que tiramos no TSE em Brasília”.
Colégio Sion, 10 de fevereiro de 1980, fundação do PT.
A atriz Lélia Abramo (à esq.), o historiador Sérgio Buarque
de Holanda,  Olívio Dutra, Lula e Jaco Bittar.
(Foto Arquivo Central da Unicamp).


          Segundo o ex-parlamentar, os 31 anos não significam que o PT possa respirar aliviado e que todo o trabalho tenha sido feito. “Para um partido como o nosso, a política é de levar a cidadania para milhares de pessoas, e não servir como profissão para alguns.” Dutra ressalta ainda que há muito para ser feito pelo país. “O que se conquistou ainda não alterou as situações injustas do país.Fonte: BAND

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A NUCLEARIZAÇÃO DAS ESCOLAS EM CANDÓI II: JUSTIFICATIVAS

Uma das Escola Rurais que foram fechadas em Candói.
           Um dos motivos que justifica esta temática e respectiva pesquisa é justamente a ausência de investigação sobre o Processo de Nuclearização (PN) em Candói. Apesar de que encontramos duas pesquisadoras com duas pesquisas monográficas que tratam da temática e do processo da Nuclearização no Município de Candói e às quais, no entanto, não tivemos acesso, e que versam sobre o assunto de modo apologético (segundo foi me repassado pelas mesmas), a partir de seus espaços profissionais, diretamente ligados à Secretaria Municipal de Educação e/ou à Administração Municipal. No entanto existe um diferencial entre aquelas pesquisas e a nossa. As primeiras foram realizadas a partir do centro do poder municipal, como defesa do processo em si, sem uma preocupação em pensar ou avaliar outros aspectos. E outra observação pertinente é de que elas olharam pelo viés da escola burguesa, secularmente montada, excludente, preconceituosa, a serviço de dois contextos bem definidos e casados em comunhão de bens: o urbano e o capital. De nossa vez, procuramos investigar e fazer nossa sistematização pelo lugar social e o olhar do campo, de suas riquezas culturais, materiais, políticas e de suas demandas por serem reconhecidas e valorizadas.
          A realização desta pesquisa encontra razão de ser na necessidade de se entender todo o Processo de Nuclearização (PN) que houve em Candói (no contexto brasileiro neoliberal dos anos 90), os interesses políticos, a pressão econômica e as decorrências na vida de todos os sujeitos/coletivos envolvidos (educandos e educadores, mães, pais, campo e cidade).
Outra Escola Rural Municipal que fora fechada
por conta da nuclearização.
          E o interesse pessoal desta busca de entendimento vem do instante em que se iniciou o PN em Candói, quando contávamos com 12 anos de vivência como educador. Levamos em conta não somente a experiência profissional com a educação, mas também nossas experiências no contexto comunitário como morador da região desde a idade infantil. Uma das premissas foi a memória histórica das “escolas rurais” em que estudei na infância (até a 4ª série). Avaliei que aquelas escolas rurais poderiam não ter um currículo e/ou matérias que versassem sobre o contexto do campo, sua vida, sua produção, sua cultura, seus anseios, seus desafios e seus projetos. Eram espaços educacionais sem grandes concentrações (ou como dizem as professoras, 'superlotação') de crianças. Mas eram muito agradáveis para se estudar, mesmo que fossem multisseriadas, aprendíamos todos juntos. E, para todos os efeitos, era o que de mais palpável a comunidade possuía, com o que ela se envolvia e onde ela se nutria. Inclusive a professora morava na comunidade. Exercia uma liderança natural e as pessoas confiavam nela e participavam do cotidiano escolar.
          De repente, impositivamente, a escola foi fechada e a comunidade não foi consultada. As educadoras foram levadas para núcleos urbanos bem como os/as educandos/as. E as comunidades perderam sua maior referência, quiçá sua identidade. Iniciava-se assim o Processo de Nuclearização no município de Candói.
          Até o presente apenas soubemos de manifestações e protestos coletivos ou isolados, mas sempre abafados ou ignorados pelo poder público municipal, gestor do processo em nível local, atendendo à política do Ministério da Educação (MEC), financiada pelo Banco Mundial, com apoio inconteste do então governador do Estado do Paraná, o senhor Jaime Lerner.
          Partindo do contexto acima retratado, cabe a pergunta central desta pesquisa: Como ocorreu historicamente o processo de nuclearização de escolas no Município de Candói e quais as suas decorrências comunitárias? (Continua parte 3).
Artigo publicado no Jornal Vale do Iguaçu, Candói, 08/02/11.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A MERITOCRACIA NA EDUCAÇÃO

          A "meritocracia na educação" é uma prática adotada por governos tucanos de SP, MG... (Tentaram no RS). E no momento, no âmbito da educação na SEED/PR, é um tema recorrente. A primeira consequência do sistema educacional baseado na "meritocracia" é os trabalhadores em educação (ou professores especialmente) adotarem a prática de "furar os olhos uns dos outros", isto é, adota-se a disputa, a concorrência, o mérito próprio, o "salve-se quem puder", levando-se em conta o "mérito pessoal" independente das condições e/ou oportunidades que cada um teve.
          Enquanto que a Educação entendida como encontro, como processo de tomada de consciência, de intencionalidade, de tempo para pensar, para organizar, tempo para ler, para discutir os problemas e as soluções, de organizar, de ação e transformação, de capacitação para o exercício pleno da cidadania e da democracia, da preparação para o mundo do trabalho, "são outros 500"! Porque a Educação nesta perspectiva é entendida como um processo coletivo, de interdependência, de cooperação, de crescimento pessoal e dos outros.    

"NEM TUDO O QUE É LEGAL É MORAL"

           Aqui já nos deparamos com uma faca de "dois gumes". Pois há um calhamaço de leis instituídas que estão em vigor, porém são imorais, pois são injustas, são desumanas, são excludentes.
          Ao mesmo tempo há uma série de temas, de ações, de reivindicações... que não estão amparadas em lei, mas que são justas, são uma questão de humanidade, são moralmente corretas.
          Assim, por exemplo, foi legalalizado que determinadas pessoas poderiam (e podem) ser donas, proprietárias, de muitos ou milhares de hectares de terra ou latifúndio. Por outro lado há muitas pessoas que vivem em uma situação totalmente imoral e aética, pois não têm nem onde morar e onde morrer. É legal que um trabalhador ganhe um salário mínimo pelo mês de Trabalho. Mas os lucros exorbitantes auferidos e concentrados "legalmente" nas mãos dos patrões ou empresários é algo imoral.
          E para simplificar o entendimento, temos que lembrar que as leis são instituições humanas, normalmente feitas por grupos em situação de domínio social, político, econômico ou cultural. Do mesmo modo que elas são instituídas de forma imoral e sem ética, podem e devem ser revogadas...