segunda-feira, 20 de junho de 2022

A SÍDROME DO AVESTRUZ

Crédito da imagem ¹

Sergio Bucco Agroecologista - Prof. Historiador (UNICENTRO), Especialista em Educação do Campo (UFPR)

Estava a roçar o pátio externo, em nossa casa, no Recanto Lagoa da Colina, (Três Passos - Candói PR) quando, via de regra, me ponho a pensar, pois é quando não há perigo de ninguém ouvir os meus pensamentos. Claro, depois de matutados, elaborados, escritos e publicados não há limites. Eles podem ser vistos, analisados, observados, criticados e sugeridas melhoras!

Pois bem, reza a crença popular que ante o perigo a/o avestruz enterra sua cabeça no chão, deixando todo seu corpo e plumagem expostos... Sobre ser um ato de covardia há controvérsias, pois estaria mais para escutar possíveis predadores ou perigos se aproximando. Entretanto, seguindo a tradição vamos usar a metáfora...

Naquele momento, realizando minha tarefa de roçar, no automático, pensava sobre as posturas dos seres humanos, que se fecham em si mesmos, ou em seus mistérios, crenças, posicionamentos... e se negam a analisar e/ou discutir determinados assuntos como se fossem tabu ou questões de somenos. São pessoas que se alienam, se escondem atrás da muralha da ignorância ou da cegueira, do fanatismo, da busca de dominar tudo, dos fascismo... E nesta perspectiva se destroem, excluem, desagregam e, figurativamente, matam!

Deste modo não se trata ou analisa assuntos referentes à Sociedade. A não ser se ater única e exclusivamente ao seu ponto de vista, por vezes do lugar que a pessoas ocupa ou de onde fala, absolutamente nada além disso. Não busca ampliar a compreensão das desigualdades sociais, a falta de trabalho e renda, moradia, educação, segurança, saúde, a diversidade social,  desenvolvimento, grau de felicidade. Se eu estou bem então "as outras pessoas que se virem"

Se evita discutir a Política, como se fosse tema proibido pra menores de 90 anos. Se confunde, por desinformação e ignorância, política de governo, política eleitoral, política partidária, políticas das organizações ou instituições... com a Política do Bem Comum. Esta que se ocupa e se preocupa com questões coletivas, como organizações e/ou movimentos sociais, estrada, saúde, esgoto, urbanização, meio ambiente, segurança, trabalho, dentre outros. Logo, esta ausência de  debate produz seres alienados, como se vivessem no Éden, onde não há problemas, demandas, busca de soluções... unicamente 'preocupação com o próprio umbigo'.

Sobre Economia, a "arte de administrar a casa" e, por extensão, a administração da comunidade, do município, dos país e do Planeta, parece "coisa de outro mundo". Entretanto, é assunto do nosso cotidiano, que diz respeito às condições objetivas de sobrevivência e manutenção das condições de vida.

No que se refere à Cultura, como as diversas manifestações artísticas (muitas colocadas em xeque como execráveis), a religião, os seus credos, ritos, cultos... é assunto proibido! Reinam os sistemas (instituições), a tentativa de dominação, as suas doutrinas, a intolerância, o dogmatismo... a exclusão! No meu caso, em se tratando de matéria de fé, eu falo a partir do "cristianismo" (que está morrendo por sua prepotência e desvios do projeto de Cristo) do qual faço parte, e que deveria ter os olhos voltados essencialmente para Jesus Cristo e as suas "boas notícias", razão pela qual muitos estão fora das "igrejas" e hoje se autodenominam "desigrejados" 9ou desinstitucionalizados). Não foi por implicância que Karl Marx denominou a religião de "ópio do povo". Era e continuou sendo ópio, mais ou menos, na medida em que a fé e a sua prática foi ou é alienante e não alcançou o chão da realidade, em uma perspectiva transformadora das suas estruturas Social, Política, Econômica, Cultural e Ambiental. Ainda na esfera da Cultura está a Ciência, com seus segmentos, tanto de Pesquisa, Especialização, Descobertas, invençoes, quanto de manipulações e exploração comercial. Em nosso tempo, dois fenômenos terríveis campeiam a Ciência, por um lado o negacionismo e por outro a dependência e o "comercialismo" pseudocientífico.

Referente ao Meio Ambiente, parece ser um assunto distante dos seres humanos, que não diz respeito ou envolve a continuidade da vida, que está em nossa realidade, ao nosso redor. Entretanto, nós fazemos parte do complexo animal, vegetal e mineral que compõem a Diversidade de Biomas e que juntos, de forma interdependente e complementar, constituem o Meio Ambiente. Mas a ignorância sobre os Cuidados com esta realidade, a depredação, o excesso de consumo, a acumulação, o envenenamento, destroem a nossa "casa maior", o Planeta Terra, seu ar, seu solo, suas águas, os animais (incluindo nós também), os vegetais e os seus frutos.

Portanto, a recusa de encarar os assuntos, as diversas perspectivas  da realidade, do micro ao macro, tem levado homens e mulheres ao isolamento, à arrogância e a destruição, por falta de diálogo, troca de ideias, conhecimentos e experiências. Todo homem e toda a Mulher tem com que contribuir com seus conhecimentos, estudos, sapiência, sabedoria e ação para melhorar a vida, a humanidade e o espaço da Mãe Terra, que o Criador nos confiou, e onde vivemos temporariamente, cultivamos e construímos. Na verdade  somos uma pequena e insignificante poeira cósmica perdida na imensidão do Universo. Por isso, inclusive, é que temos que avaliar o nosso papel e responsabilidade neste cantinho do Cosmo.

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¹ https://medium.com/@jcas/o-que-n%C3%A3o-te-contaram-sobre-integra%C3%A7%C3%A3o-cont%C3%ADnua-51b1fdd1c83c


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

LIBERDADE


            Não! Não! Não! A minha Liberdade não termina quando começa a liberdade do outro. Ela termina quando termina a liberdade do outro. A minha Liberdade pode terminar quando eu não tenho respeito, quando estou ao nível da libertinagem. 

           Da mesma forma a liberdade do outro é preservada enquanto ele respeita, não atentando egoisticamente apenas os seus interesses em prejuízo do seu semelhante. Portanto, a liberdade sempre pressupõe a mutualidade, a coletividade, ou "EU TU" (Marín Buber).