segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

A GRANDE MASSA SÓ RECEBE INFORMAÇÃO DE SEUS PRÓPRIOS ALGOZES


Pela Professora Alessandra Vieira


Os nazistas mantinham os judeus em fome constante. Assim, os judeus se ocupavam apenas de uma única tarefa durante o dia todo: procurar alimento, sobreviver, matar a fome imediata e urgente.

Não tinham tempo e nem energia para organizar conspirações, rebeliões e planos de fuga. A vida se resumia a uma luta individualista, egoísta e solitária pela mera subsistência.

De modo análogo, a maioria dos brasileiros se ocupa apenas da sobrevivência e da dura conquista do básico: moradia, comida, escola e saúde.

E mesmo os poucos que conseguem manter esse básico (especialmente a classe média) não têm tempo para se preocupar com mais nada: acordam muito cedo, trabalham mais de 8 horas, retornam exaustos, assistem o Jornal Nacional e vão dormir para reiniciar a labuta no dia seguinte.

A vida se resume a uma luta individualista, egoísta e solitária pela manutenção do básico.

 E as TVs, os jornais e revistas reforçam e martelam diariamente essa ideologia do individualismo e do trabalho maquinal: pense apenas em você; invista apenas em você; é cada um por si; não reclame, trabalhe; não seja vagabundo, trabalhe até o fim da vida; sempre foi e sempre será assim; com esforço você conseguirá vencer; a meritocracia fará você vencer; os sindicatos não servem pra nada; a política não presta; o coletivismo é um sonho; o socialismo morreu; os empresários vão melhorar sua vida; o capitalismo selvagem e sem grilhões é o futuro. E tudo isso é mostrado ao público através de um lustro acadêmico e profissional.

 A propaganda é tão intensa e tão bem feita que poucos conseguem perceber a grande farsa que existe por trás dessa forma de pensar.

Diante desse cenário, a grande maioria dos brasileiros pouco se importa se o país está passando por um golpe de estado, se os direitos humanos já foram pro vinagre, se não existe mais democracia, se a constituição foi rasgada, se existe prisão política, se haverá uma ditadura militar, se os pobres da cracolância estão sendo tratados como lixo.

Para quem a sobrevivência é a única preocupação, essas questões parecem supérfluas, um luxo desnecessário que só se justifica em países ricos. Tudo isso se apresenta como uma névoa de acontecimentos, um falatório confuso, um ruído de fundo na vida cinzenta e maquinal dos trabalhadores.

Querer que essa multidão de autômatos se levante para lutar pela democracia é ser totalmente irrealista, romântico e ingênuo.

A grande massa de trabalhadores sem sindicatos, desorganizados e desinformados, apenas perceberão que algo mudou no país quando forem terceirizados, quando não mais tiverem direito a férias e décimo terceiro, quando a carga de trabalho aumentar e o salário diminuir, quando descobrirem que não irão mais se aposentar.

A grande massa de trabalhadores não aprende pela informação (pois a única informação que possui vem de seus algozes), aprende pela prática do dia-a-dia
Quando a grande massa de trabalhadores descobrir que tudo mudou, já será tarde demais para mudar.
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PS do Viomundo:
 É por isso que, no primeiro Encontro de Blogueiros, em 2010, o discurso do criador deste espaço focou na necessidade de produção de conteúdo próprio, para o qual seria necessário financiamento através de uma política pública e/ou formação de uma cooperativa de blogueiros, que iria em grupo e diretamente ao mercado publicitário. Sem depender de governos de turno.
Em vez disso, vimos a SECOM dos governos Lula e Dilma pulverizar a publicidade oficial, beneficiando os parceiros locais e regionais dos grandes grupos de mídia, que seguem a mesma linha política de O Globo ou do Estadão, republicam os mesmos colunistas e servem aos coronéis regionais.
Vimos a “mídia técnica”, que significa basicamente manter os gigantes bem nutridos para esmagar os fracotes. Vimos omelete na Ana Maria Braga e um prefeito petista achincalhado por um “historiador” chinfrim da Jovem Pan. Vimos o senador Humberto Costa nas Páginas Amarelas da Veja. Ou seja, muito pouco mudou em 12, eu disse DOZE anos do PT no poder.