terça-feira, 24 de novembro de 2009

CFR: CURSO DE AGROECOLOGIA

Promovido e programado pela ARCAFAR-SUL, com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário [MDA], na segunda-feira, 22/11/09 [e foi até 26/11/09], na Casa Familiar Rural, de Candói. O Ministrante é um jovem Engenheiro Agrônomo [perto do final do processo de formação], contratado pela COOPERATIVA EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA [COOESC]. Iniciei juntamente com @s inscrit@s o Curso de Agroecologia. A minha intenção é aprender mais e dar apoio moral e logístico à iniciativa, que promete ser de grande valor para a formação de noss@s educand@s.
Tenho 860 horas de curso em Agroecologia [Escola Sul da CUT, 1999-2000] e mais uma Especialização em Educação do Campo [540 h/UFPR, 2006 a 2008] com algumas disciplinas em Agroecologia [de forma específica] e a maioria com ênfase em práticas alternativas e emancipatória d@s trabalhador@s do campo. Estes cursos tiveram atividades práticas no campo [lavouras, formação e tipos de solo, organização solidária, cooperativa, políticas públicas, linhas de crédito, dentre outros].
Quanto à minha experiência é pequena, talvez não ultrapasse muito a horta de casa e o jardim. E avalio que é a nossa prática [sempre embasada pela teoria e gerando nova teoria a partir da prática] que dá sustentação ao que dizemos, ao que ensinamos às pessoas. Por isso que é minha meta, a partir do primeiro momento que dispôr de tempo [além do tempo de minha opção pela Educação] cuidar e trabalhar uma UPVF [um sítio, uma data, um lote] nesta perspectiva, junto com outr@s Agricultor@s!
Falando ainda sobre nosso curso na CFR, temos a expectativa que durante a ministração da 2ª parte possa haver mais atividades de campo, práticas de preparação de caldas e/ou preparados alternativos para combater desequilíbrio do solo, o ataque de insetos, ácaros, nematóides e outros.
Quanto ao mais, parabéns pelo trabalho realizado na primeira parte do Curso de Agroecologia.

A propósito, uma observação:
Nunca falei mal da CFR! Nem tive motivo para fazê-lo!
Em todos os artigos que escrevi aqui só falei bem do que é uma CFR, de seus princípios, de sua organização, de sua pedagogia, dos seus mantenedores, de suas dificuldades, das parcerias, convênios, etc.
Falei mal, sim, dos maus políticos que só olharam para seus umbigos e para seus interesses politiqueiros e colocaram a Casa Familiar Rural em grandes dificuldades e prejuízo.
Eles sim falaram muito mal da CFR, falaram mal das pessoas que trabalharam antes deles, na maioria das vezes de forma superficial, porque não olharam o todo do processo educacional e organizacional da CFR. Mas olharam o aspecto estético da CFR. 
Falei, com muita tristeza de atitudes mesquinhas e egoístas, de companheiros de trabalho, que na verdade eram amigos deles mesmos. Não tinham um compromisso com a CFR e a Pedagogia da Alternância.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Festa Nacional do Charque - Uma "Festa Popular"?


A Festa Nacional do Charque (FNC) até poderia ser popular, isto é, que coubesse dentro do orçamento da maioria do Povo, dentro do suas possibilidades financeiras, conforme as condições dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Para saber sobre esta questão estamos ouvindo os depoimentos de quem foi à FNC para saber se foi ou não popular.
Até aqui constatamos que os preços da alimentação praticamente dobraram. Isto tanto na praça de alimentação quanto nas barracas que vendiam salgados, creps, refrigerantes e outros. Os almoços foram preparados por uma empresa local ("Morena Rosa"?) e houve quem dissesse que estava muito bom.
Mas não sabemos ainda sobre os preços cobrados pela Prefeitura Municipal (que organiza o evento) pelas barracas cedidas a quem instalou seu comércio no local da festa.
Cabe ressaltar que a iniciativa de criar um evento municipal com esta proposta de 'recuperar a tradição do charque' é muito bacana, pois relembra as bases históricas, econômicas e culturais de nossa região, seja como criadora de gado bovino, seja como local de onde saiam tropeadas ou como ponto de passagem de tropas vindas de outras regiãos. Aliás, o tropeirismo é uma parte da programação da FNC e é muito concorrido... Neste ano de 2009 a tropeada contou com quase 200 cavaleiros/as.
E lembrar de tropeadas é lembrar do charque como parte dos víveres que constituiam o alimento dos tropeiros.
E agora cabe perguntarmo-nos quantos estabelecimentos ou agroindústrias em Candói produzem este elemento tradicional, o 'charque', que se constitui na base da Festa Nacional do Charque?!?
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Fonte das imagens:

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

E agora José?

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?


Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?


E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,


seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?


Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?


Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!


Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?
         Carlos Drummond de Andrade

SINTOMAS DA FOME DE "PODER POLÍTICO"

         Poderíamos dizer que são "sinais", ou que são "efeitos", ou que são "resultados"... de quem ascendeu ao poder. Na atualidade (refiro-me desde o final dos anos 80) se ascende ao poder político (Legisalativo e Executivo) pela via eleitoral. Claro que tudo indica que existem políticos saudosistas da velha guarda que gostaria de serem nomeados por uma ditadura direitosa (como aconteceu nos anos 60, 70 e 80). Mas este é assunto para outro dia!
          Queremos focar no fato de que ser eleito nem sempre satisfaz, seja o próprio eleito, seja o eleitor... Porque percebemos alguns sintomas de profundo descontentamento, seja por parte de quem foi eleito como por parte de quem elegeu. Não vamos generalizar, há 'honrosas excessões'! Tem eleitos que parecem solitários, na solidão, descontentes com o 'quadro que se desenhou'! Talvez porque seu 'companheiro' de partido ou de coligação não o deixaria crescer e depois tomar 'seu lugar'. Porque tem gente que no poder não deixa ninguém mais "crescer à sua sombra". É igual outras plantas cultivadas (ou expontâneas) embaixo de pinus ou eucalipto: não vivem e não crescem! Tem eleitos que gostariam de estar sendo paparicados, que uma xusma de puxa sacos estivessem rodeando-os e elogiando-os... Mas não é o que sucede. Há uma espécie de indiferença por parte da base!
Mas há eleitores (aqueles de quem o voto ajudou eleger alguém..) que também estão profundamente descontentes, infelizes, depressivos, apesar de seus(s) candidato(s) ter(erem) sido eleito(s). Vá entender!  Está na cara deles o mal estar estampado. Está em seus olhos. Está em suas reações. Está em sua postura nada cidadã... Por que será?
          Por outro lado há cidadãos que por mais que tenham esperado outro resultado e tenham sido frustrados no pleito eleitoral, que depositavam esperanças em outros candidatos, em outros nomes, em outro projeto, em outros/as homens e mulheres, que estão felizes, estão contentes, estão conformados, porque eles/elas não tem "memória curta", já conhecem a História e sabem como são as coisas e o que pode vir (com certeza!) apesar de não ser o que eles/as desejavam. O "quadro já está pintado", e mormente qualquer coisa que vir não passará de maquiagem, de disfarce, com "movimentos friamente calculados". Pois afinal, como disse Maquiavel: "Os fins justificam os meios" !
          Vamos dizer ainda que somos ingênuos e não sabemos: "Afinal, por que algumas pessoas 'dão a vida' para conquistar o poder?" Ah, "se eu soubesse" !

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

RUAS ESBURACADAS DE CANDÓI E MEMÓRIA...

Por que motivos empresas constroem asfaltos tão fraquinhos, que em pouco mais de quatro anos já estão deteriorados, cheios de buracos que estragam os carros que por ali passam ou obrigam-nos a fazer zig zag?
Por que será que prefeitos esquecem que foram eles que administraram tais construções e logo começam a lançar acusações na mídia contra seus antecessores?
Prefeitos também têm "memória curta" ou é uma forma de "tirar o corpo fora"?
É tão fácil ir a uma emissora de rádio ou a um jornal e jogar acusações para todos os lados!
É muito bom quando nós seres humanos temos a honestidade de olharmos para nós mesmos e reconhecermos quem de fato somos, ao invés de nos escondermos atrás de acusações e calúnias contra outrem!
"Povo sem memória é Povo sem História!" Que pelo menos a memória de nosso Povo cresça cada vez mais para não repetir os erros do passado histórico...

O REVERSO DO DIA DE FINADOS


No domingo, em reunião familiar, conversávamso sobre as ações referentes ao dia dos mortos. Hoje, em nosso local de Trabalho, retornamos ao tema... Naquele dia falávamos sobre as toneladas de flores que são levadas aos cemitérios para enfeitar o espaço das pessoas falecidas. E de como estas flores, na semana subsequente, são transportadas pelo sistema de coleta de lixo até os aterros sanitários. E hoje avaliávamos sobre as toneladas de parafina (ou produto similar) que são igualmente quemadas para homenagear os entes queridos. E que, em dias quentes como tem sido agora, deve aumentar a poluição, como contou-nos um companheiro (Gilberto) que esteve em São Paulo no fim de semana e ao visitar o cemitério, sob um calor de 40 graus, ainda tinha aquele mar de velas aumentando o efeito de calor no ambiente. E, de qualquer modo, as velas constituem um desperdício, pois não fazem diferença alguma para quem já passou para outra dimensão.

Entendemos, em ambas as situações, como um despropósito resultante de uma cultura, de uma crença, de um costume que precisa ser questionado, repensado e dado encaminhamentos mais inteligentes e racionais. Não somos contra o cultivo da memória das pessoas que já morreram... Quando paramos diante de uma simples lembrança nos é muito doloroso a falta das pessoas amadas, que já não estão entre nós, como uma irmã, um vovoso, um/a amigo/a... São lacunas que nos custam muito e não tem como preencher!

Mas nos perguntamos se vale a pena tanto material (flores e velas) simplesmente jogados fora?!? São tantas as instituições sérias que estão trabalhando para resolver as questões sociais da falta de trabalho, da falta de terra, da falta de alimento, da falta de moradia, da falta de educação, das faltas de tudo na vida de tantas pessoas que estão entre nós... E estas não trabalham apenas dando esmolas e criando dependência paternalista! São organizações que tem procurado criar condições de vida digna e aparelhamento aos nossos semelhantes marginalizados pelo sistema excludente. Está ai uma oportunidade de avaliarmos estas ações, que para alguns constituem a unica coisa para relembrar os mortos e depois, durante o ano todo, não fazem mais nada!

É possível, é recomendável e deveria ser  exigido que os cemitérios se tornassem ambientes mais discretos, ajardinados. E até se poderia plantar neles pomares, como era lá em Ponta Grossa/PR, no Convento das Irmãs Servas do Espírito Santo, onde se produziam peras muito saudáveis e gostosas! Junto com espaços verdes há que se pensar menos monumentos que só ocupam o espaço, e partir para recolhimento periódico de ossos (para guardar ou dra outros destinos). Ah, já pensaste como fica bonito um cemitério cheio de flores vivas nele cultivadas, sem aquele monte de plástico ou de flores ali colocadas hoje e que amanhã serão jogadas no lixo?