Casa de Formação de Líderes
(Guarapuava, 10 a 12*07*2009)
Participamos pela primeira vez (pois outras quiséramos e não nos foi possível). Estivemos reunidos em Movimentos Sociais como MPA, MST, MAB, MMC, CFR. Povos Tradicionais como Ciposeiras, Faxinalenses, Quilombolas, Ribeirinhos, Pescadores, Ilhéus. Organizações como HEIFER, CESE, Seti, Instituto Equipe de Educadores Populares, Aprendizes da Sabedoria, Rede Puxirão, STRs, Pastoral da Criança, Bioterra, Associações, Agroecologistas da Agaeco, etc. No primeiro dia participou o Deputado Dr Rosinha, quando foi encerrado o dia de Trabalho com Debate, depois que o Deputado fez uma análise de conjuntura. A coordenação é de responsabilidade do Centro Missionário de Apoio ao Campesinato (CEMPO).
Na fala o Deputado Dr Rosinha discorreu sobre temas tais como a crise do modelo capitalista que se pauta pelo ter em prejuízo do ser. "A crise econômica vai nos levar a um choque de mudança". Lembrou dos aspectos simbólicos do resultado das eleições estadunidense. Referindo-se aos MS disse: "O grande inimigo dos Movimentos Sociais são as empresas de comunicação que noticiam o que interessa ao empreendimento capitalista". Discorreu ainda sobre as exportações brasileiras, sobre a governabilidade, sobre a necessidade da Reforma Política, "porque o modelo atual de financiamento eleitoral mesmo que seja legal, acaba por amarrar ou destruir um mandato". Sobre a Democracia disse: "Democracia só tem quando todos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres. E isto não tem no capitalismo onde os trabalhadores têm mais deveres do que direitos". Lembrou as palavras do Ministro da Justiça em determinada ocasião em que teria dito que "as Leis são feitas para manter a ordem. E a ordem é mercantil. Não são para fazer justiça, pois não há leis que façam justiça, mas mantêm a ordem mercantil".
No dia seguinte o Afonso Chagas (ex-colega de seminário em Pnta Grossa no final dos anos 70) trouxe alguns elementos sobre as organizações sociais pesadas pela carga de luta, força, resistência, afirmação e História.
"A memória é perigosa. Quando utilizada ela é revolucionária, quando esquecida permite a opressão". Lembrou que há um movimento de esquecimento da História. E citou D. Helder Câmara: "Felizes os são aqueles que têm a capacidade de mudar muitas vezes para continuarem sempre os mesmos".
"A memória é perigosa. Quando utilizada ela é revolucionária, quando esquecida permite a opressão". Lembrou que há um movimento de esquecimento da História. E citou D. Helder Câmara: "Felizes os são aqueles que têm a capacidade de mudar muitas vezes para continuarem sempre os mesmos".
Ao citar um petista paranaense de 'memória apagada' que negou a barbárie da ditadura militar brasileira, disse: "O amortecimento das consciências é algo muito grave!"
Um dos coordenadores do Encontro falou de simbolos e diabolos. Simbolos seria tudo o que une, reúne, junta, agrega, mobiliza, organiza, dá força, ajuda recuperar a memória, dá identidade. O diabolos significa aquilo que separa, dispersa, desune, desagrega, em fim tudo ao contrário de símbolos. Em seguida através de Trabalho em Grupos procuramos distinguir o que é símbolo em nossa luta, o que é diabolo. E ao discutirmos a Diversidade dos MS e das ONGs, vimos a dificuldade que temos em fazermos a autocrítica sobre o diabolos em nós, como o distanciamento da base, o estrelismo, a falta de ouvir o Povo. E avançando no debate vimos a "necessidade da construção de consenso de rumos sem negar a diversidade da luta".
Reflexos da crise de visão de mundo da civilização humana:
* Lei de mercado; crise entre privado e público; crise de horizontes; crise de identidade, de autoafirmação.
Entre um momento e outro existem espaços de vazios. E nós não podemos ser suplentes de vazios, trancadores de buracos. Precisamos de Projetos!
Ou nós arrancamos a imagem do colonizador (opressor, explorador) que está dentro de nós, ou nos matamos, esgotamos a Terra e todas as culturas que estão aí, legitimando as monoculturas e os desastres ambientais. Precisamos acabar com as "monoculturas da mente" através da autoavaliação.
Para provocar a reflexão estudamos um texto da indiana Vandana Shiva sobre "Monoculturas da mente". E em seguida, em Grupo, levantamos diversas monoculturas tais como: o pensamento único; o domínio de segmentos sociais através da divisão e da disputa de espaços; movimentos direcionados por quem está na cidade fora da prática; o caciquismo; o querer que todos sejam iguais; o consumismo da influência midiática e a 'cultura de massa'; a escola uniforme urbana; o cultivo de um só produto; a imposição do pacotão e tudo pelo lucro; o domínio da burguesia e o monopólio das grandes empresas, dentre outros.
Afonso lembrou que a palavra pode ser simbólica ou diabólica, pode unir ou dividir; pode ser entendida ou confundida; pode construir ou destruir; pode aproximar ou distanciar, pode transformar ou acomodar.
As grandes questões
1. De onde viemos?
2. Onde estamos?
3. Para onde vamos?
As respostas estão na Ação da Base.
O movimento, o dinamismo mostram que somos seres em ação. Em relação ao outro devemos: reconhecimento, respeito, cuidado e veneração.
Na questão da diversidade estarmos juntos não significa unificação do pensamento, da pauta, da luta e da cultura. Porém temos uma pauta e inimigos (desafios) que nos são comuns.
Na questão da diversidade estarmos juntos não significa unificação do pensamento, da pauta, da luta e da cultura. Porém temos uma pauta e inimigos (desafios) que nos são comuns.
Quando as pessoas, as organizações, os movimentos se institucionalizam, então eles morrem. A espontaneidade e o silêncio muitas vezes são mais criativos e eloquentes do que a institucionalização e a verborréia.
Espiritualidade comprometida e uma mística de acordo com a realidade deixam marcas indeléveis.
Discussão das perspectivas
Ao final voltamos aos Grupos de Trabalho (e depois fizemos a Plenária) onde discutimos os pontos comuns nas organizações; as ações concretas em cada grupo; as propostas concretas de articulação da diversidade; e as estratégias de formação adotadas para cada segmento. O material resultante produz um tratado científico (que por razões óbvias não colocaremos aqui).Considerações finais
* Fazer deste momento (espaço/tempo) das Organizações e Movimentos e relação afetiva entre companheiros, articulação e rede.
* Fazer deste momento (espaço/tempo) das Organizações e Movimentos e relação afetiva entre companheiros, articulação e rede.
* Nosso grande adversário é a nossa institucionalização (um projeto, um pc, um técnico, etc.).
* Valorizar, além dos instrumentos simbólicos, o cultivo da memória.
* Vigiar a fonte de onde bebemos, pois muitas vezes estamos bebendo no agronegócio, na economia de mercado, no consumismo...
* Lembrar e conhecer mais sobre a Economia Solidária.
* Sobre a articulação entre os MS/ONGs: vai depender de nós a sensibilidade para reconhecer e respeitar o extraordinário da diversidade e trabalharmos esta perspectiva em nossa base.
* "É preciso que nós falemos para toda a sociedade sobre a beleza de nossso projeto, de nossa organização, de nosso movimento e de nossas realizações" (Hermínia M Shuartz).
Grito: Multiplicar a base da organização! Formar a consciência pra fazer transformação!
Agumas rfrs. bíblicas:
Dt 16.3-12 Festa da Páscoa - Lembrança... Dt 26.1-11 Memória viva da condição e da libertação...
Nm 33.51b-52; 55-56
Gn 47.13-21
Nm 14.1-10 As tentações da caminhada...
Mc 6.30-44 Ex 16.13-30) Projeto de Sociedade tribal. Uma Nova Ordem Econômica e Social.Organização em Grupos...
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