terça-feira, 8 de março de 2011

Organismos Geneticamente Modificados: SUPERFICIALIDADE OU INOCÊNCIA?

         Estava a ler e reler a coluna de determinado professor, no Jornal Diário de Guarapuava (p. A4, 01/03/11), onde ele descrevia sobre as posições de um governador do PR, anterior ao que está agora, e mais uma vez coloquei-me a refletir sobre a questão dos "transgênicos" ou Organismos geneticamente modificados ("OGM'S"). Aliás, referido professor (do qual também não recordamos o nome) nem conseguiu lembrar o nome do grande Governador Roberto Requião (agora eleito Senador da República), intitulando sua resistência de "guerra quixotesca" contra a chamada, mais uma vez, de "evolução tecnológica".
          Diante do exposto cabe lembrar que Requião foi muito ousado em sua política por uma "área livre de transgênicos". Segundo, ele não agiu à revelia do contexto. Se estabeleceu uma "guerra" foi por conta de compromissos assumidos junto a um dos setores da sociedade que o apoiou na eleição para governador. Não fora um setor popular ou das organizações populares, mas encaramos a proposta como bem vinda para nós povo.
         E, antiquixotescamente falando, gostaria de citar as palavras do ilustre colunista que conclui seus escritos dizendo: "Os cultivares transgênicos são uma inovação tecnológica e vieram para salvar a humanidade da falta de alimentos, mesmo que Dom Quixote os tenha combatido freneticamente...". Este discurso é apenas uma antiga falácia utilizada no Brasil por volta da década de 1960, quando fora implantada a chamada Revolução Verde no Brasil, um pacote agrícola baseado em tecnologias européias e estadunidenses (compostas por máquinas/tratores, adubos químicos e agrotóxicos). O mote era "acabar com a fome da humanidade".
          Pois bem, a Revolução Verde - não se levando em conta o fato de ela ter causado destruição de florestas (para ampliar a fronteira agrícola), ter desmatado as áreas de proteção permanente e de reserva legal, ter provocado profundos impactos nos solos, erosão, assoreamento dos rios e lagos, enfraquecimento da fertilidade da terra, o processo de desertificação, envenenamento das águas, a poluição do ar, alimentos carregados de agrotóxicos (provocadores de câncer e outras diversas doenças, o que aumentou a indústria farmacêutica, o comércio de medicamentos, as especialidades e os hospitais cheios de doentes), o endividamento de agricultores, o esvaziamento do campo ("êxodo rural") e o consequente inchaço dos cidades, - conseguiu produzir em torno de dois terços a mais de alimentos do que a humanidade necessitaria. Mas este alimento ficou estocado, retido, sei lá, mas não cumpriu o nobre propósito da Revolução Verde! E talvez pessoas como o referido professor, cheias de boa vontade em ver a humanidade nutrida a qualquer preço, de forma desavisada, volta, a repetir o velho discurso de acabar com a fome.


As consequências que poderão advir do cultivo e utilização de OGM'S podem ser inúmeras. Primeiro, ninguém sabe os resultados para a saúde humana da utilização de produtos que contenham elementos estranhos à sua natureza na cadeia genética de suas sementes. Segundo, não existe uma avaliação da influência e possibilidade de contaminação de sementes transgênicas sobre sementes tradicionais ou crioulas, havendo, portanto, o risco de se perder um imenso banco genético de sementes ou espécies da Biodiversidade, patrimônio do Planeta Terra e da Humanidade, restando pouquíssimas espécies... e o mundo contaminado! Terceiro, estas poucas espécies podem ficar reféns de meia dúzia de empresas transnacionais, que poderiam explorar e dominar o chamado "mercado mundial", e nós, pobres mortais, ficaríamos à mercê de seus interesses econômicos e comerciais. E Finalmente, mais uma vez, a fome poderia acabar por conta da morte dos famintos, porque as empresas que têm o monopólio das sementes e da produção querem fazer mais dinheiro e concentrar riquezas. Estas não estão preocupadas nem com acabar com a fome no mundo e muito menos com a segurança alimentar da população!


Sugestões para aprofundamento:
1 EcoDebate
2. Bio ana
3. Bruxelas
4. Zona livre de transgênicos

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