domingo, 20 de setembro de 2009

Do RS ao PR, deste para o MT e depois irão para onde?

Já assitimos este drama, esta novela, este filme anteriormente... Aconteceu aqui, nos campos e florestas de Guarapuava, quando no início dos anos de 1960 chegamos do RS (e onde continuamos até hoje). Vimos quando começou em MT, especialmente em SINOP, pois então, para a mentalidade da epoca, mais uma fronteira deveria ser aberta para explorar a madeira, devastar tudo, praticar a agricultura e, se o solo tivesse condições, continuaria... Vi meus parentes vendendo suas terras no PR e rumando para aquela frente pioneira, deixandom para trás a saudade, grande! E hoje o que resta daquilo que a Natureza prodigamente tinha em abundância? Vejamos um texto que tomei emprestado:

"Tive a graça de participar nesse final de semana do encontro das CEBs do Mato Grosso. Eram mais de mil, vindos dos vários pontos do estado. Como sempre celebram, refletem, assumem compromissos.



Saímos de Cuiabá para Sinop. Ao longo da BR 163, em torno da qual se dá o desmatamento do Mato Grosso, as pessoas me mostraram onde está o “divisor de águas” da bacia do Prata e da Amazônica. De resto, só a monocultura da soja, com seus caminhões atravessando as estradas, um deserto humano, sem gente, apenas algumas cidades e muitos silos da Bunge, Cargill e Amaggi. O agronegócio tem o que mostrar: silos, caminhões, dólares, um ambiente morto, sem gente, imensos desertos...



Sinop é o nome da cidade que nos acolheu, uma sigla, que significa Sociedade Industrial do Norte do Paraná. Portanto, quem destruiu a Mata Atlântica do Paraná no prazo de 30 anos, agora foi destruir a floresta amazônica do Mato Grosso. E não vai mesmo restar nada. Sinop é o exemplo. Baseada no corte da madeira, chegou a ter 280 cerrarias, agora tem apenas 28. Chegou a ter 35 mil pessoas empregadas no corte da madeira, agora tem apenas duas mil. Acabou a madeira, acabou a economia. Quando a soja fracassar, ficará para trás um deserto e um povo sem trabalho e sem rumo. Vamos apenas repetir o que aconteceu secularmente na história do Brasil, com a passagem das monoculturas, deixando atrás de si “cidades mortas”, como registrou Monteiro Lobato após a passagem do café pelo vale do Paraíba.



Assustados com a perspectiva do aquecimento global – falei da teoria de Lovelock - os presentes assumiram o compromisso da luta cotidiana, da reflexão ecológica, da catequese ecológica, das lutas concretas, de chamar suas Igrejas para a luta, de fazer a luta. Ali, o compromisso estadual foi lutar contra a redução de 50% do Pantanal, lutar contra a exclusão do Mato Grosso da Amazônia Legal – o agronegócio quer aumentar legalmente a área do desmatamento - e participar ativamente do plebiscito popular de setembro. A novidade é assumir, na perspectiva da fé, a luta ecológica pela preservação da vida e do próprio planeta.



A esperança anda curta, mas é o que resta".

Fonte:
Roberto Malvezzi (Gogó), coordenador da CPT /Postado por Eugenio Hansen, OFS.

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