terça-feira, 6 de setembro de 2011

Independência do Brasil - Temos o que comemorar? E o caso Miracapillo?

        No dia 7 de setembro de 1822 foi proclamada por D. Pedro I, filho do Rei de Portugal, a Independência do Brasil. Mais do que qualquer realidade, o processo de independência foi um acordo da elite colonial com o Príncipe Regente... E este fato tem seu significado simbólico de valor, porém, como afirma o sitio sua pesquisa: "Embora tenha sido de grande valor, este fato histórico não provocou rupturas sociais no Brasil. O povo mais pobre se quer acompanhou ou entendeu o significado da independência. A estrutura agrária continuou a mesma, a escravidão se manteve e a distribuição de renda continuou desigual. A elite agrária, que deu suporte D. Pedro I, foi a camada que mais se beneficiou". Na mesma linha de reflexão o Jornal Debates traz uma série de artigos que questionam a real independência do Brasil.
    O PSTU em seu sitio também segue com a mesma tese de não independência e faz uma leitura sobre o novo colonialismo internacional. Benito Pepe em seu sitio, em 2010 fez uma leitura semelhante sobre as condições históricas da Independência do Brasil em 1822.

        Em 7 de setembro de 1980, na cidade de Ribeirão/PE, o então Pároco da Matriz, o Pe. Vito Miracapillo, manifestou sua discordância com a chamada Independência do Brasil e sofreu um processo, encabeçado pelo então Deputado Severino Cavalcante, que acabou no Supremo Tribunal Federal e com a expulsão do referido Padre do Brasil. O Correio de Uberlândia se refere às contradições do Brasil e escreve: "Um padre italiano expulso do Brasil em 1980 – em um polêmico processo que contribuiu para agravar ainda mais o conflito entre Igreja e Estado -, o padre italiano Vito Miracapillo tenta inutilmente, há quase uma década, reaver o visto de permanência no país, onde pretende retomar o trabalho pastoral interrompido durante o regime militar. Ele não consegue  (...) do Governo brasileiro: o visto de permanência no Brasil.
O padre quer voltar ao município de Ribeirão, a 87 quilômetros de Recife, do qual foi pároco. E residir na Zona da Mata de Pernambuco, onde se concentra a agroindústria açucareira do estado, considerada área de tensão social pelos órgãos oficiais.
        Em plena ditadura militar no Brasil, o padre foi incluído na Lei de Segurança Nacional e atingido pelo então recém-promulgado Estatuto do Estrangeiro, por ter se recusado a atender pedido da prefeitura para que celebrasse missa comemorativa da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1980 – alegando que o Brasil, sob ditadura, não era independente.
       Num ofício ao prefeito de Ribeirão, Salomão Correia Brasil (PDS), o padre justificou a recusa, entre outros motivos, devido “à não efetiva da independência do povo”, reduzido “à condição de pedinte e desamparado dos seus direitos”. (O Globo).  Para saber mais sobre "A História de Vito Miracapillo" acesse matéria de Luiz Nassif.
        Caberia aqui para ilustrar os limites de nossa independência os versos de Cecília Meireles, do Cancioneiro da Inconfidência:

"Toda vez que um justo grita
Um carrasco o vem calar.
Quem não presta fica vivo,
Quem é bom mandam matar!" 

Um comentário:

Arildo C. Fraga disse...

Caro Sergio, boa reflexão sobre a "Independência" do Brasil. Realmente,no 7 de setembro não temos nada pra comemorar, uma vez que as elites, numa contra-independência, para evitar que o povo a fizesse de fato, mantiveram seus privilégios, e uma estrutura imperialista, que também, não se alterou com a República...
Abraços