sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

DESLIZAMENTOS DE ENCOSTAS, ORIGENS E DECORRÊNCIAS

          Secularmente os Trabalhadores foram jogados à margem das cidades, para os locais íngremes, de difícil acesso, para os morros... Foram empurrados para locais onde era mais difícil para desenvolver os interesses e projetos do capital: moradias da elite econômica (ou dos bem nascidos), comércio, bancos, indústrias, praças, dentre outros.
          Secularmente o povo do campo ficou marginalizado, sem as políticas públicas que lhes eram de direito. Apenas os interesses dos grandes proprietários de terra (latifundiários) tinham prioridade. E o povo do campo era estimulado de todas as maneiras a migrarem para as cidades. Ou seja, pelas diversas formas de pressão ou apenas pelo "brilho das cidades". Para lá foram (e continuam indo) muitas vezes sem profissão, sem condições, sem garantia de trabalho ou de emprego. E faltou (e falta) ainda uma verdadeira Reforma Agrária para gerar Alimentos, Desenvolvimento, Autonomia, Emancipação e Vida aos camponeses!
          Secularmente o povo do Nordeste deixava sua terra para migrar para o Sul do País, por conta das calamidades da seca, que já foi considerada a "indústria da seca", promovida por políticos da Região, que desviavam recursos destinados a projetos ou programas do governo federal a fim de minimizar os problemas oriúndos das longas estiagens que ainda acontecem naquels estados.
         Secularmente a Natureza, que em si é perfetíssima, se vinga das ações desordenadas do ser humano, que faz ocupações desordenadas, sem respeito aos princípios natuarais que são imutáveis.
          Secularmente cidades da região serrana do RJ foram ocupadas por ricos, classe média e pobres, sem o devido planejamento. Foram cidades muito lindas (e podem tornar a sê-lo!), que nos reportavam a algumas moradias e cidades ao estilo europeu. Porém lá e cá têm algumas diferenças geológicas fundamentais. Pelo menos aqui sabemos que uma camada mais ou menos superficial, tênue, delicada, inclinada, cobre os maciços rochosos, as montanhas. E qualquer interferência nos seus pontos mais altos pode pôr em risco os morros, os fundos de vale e quase tudo o que neles contenha. Apenas planejamento pode ser a prevenção e a solução!
          Comumente se diz que estes fenômenos são "desastres naturais". São naturais porque são provocados pela Natureza. Mas é o cumprimento do princípio que diz que "a cada ação corresponde uma reação". E "desastres naturais" são reações resultantes das ações do ser humano...
          Consequentemente agora é hora de solidariedade, coisa que o povo brasileiro sabe fazer com maestria! É hora de reavaliação sobre a construção e desenvolvimento das cidades. É hora de replanejamento... É a hora e o momento de, cada um de nós e a sociedade brasileira, fazermos uma autoavaliação sobre diferentes aspectos da vida, os nossos compromissos, a transitoriedade das coisas, os nossos valores, a nossa impotência diante das reações da Mãe Natureza.
         Leonardo Boff diz, em artigo recente, intitulado O preço de não escutar a natureza : "A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos".

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