quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O ESPÍRITO NATALINO

          “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre
 os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso,
Conselheiro, Deus Forte,  Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. (Isaias 9.6)¹
Por Sergio Bucco
          Há mais de dois mil anos chegou a Israel, em cumprimento a uma promessa contida no início do Antigo Testamento (Bíblia) e reafirmada pelos profetas no mesmo livro sagrado, aquele que seria chamado Emanuel. Mateus diz: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14), que significa: Deus conosco” (Mt 1.23)².
          Tudo muito belo, muito lindo, diria, maravilhoso! Seu projeto trouxe uma mensagem e uma proposta de transformação do ser humano e de sua realidade. As escrituras bíblicas, porém não dão ênfase nenhuma ao nascimento de Jesus Cristo como evento a ser comemorado (e sobre o qual nem se conhece a data). Ao contrário, o evento de sua morte (selada com seu próprio sangue, em dia e local determinados) foi ensinado que se celebrasse em sua memória (Lucas 22:19-20).
          Mas eis que o tempo foi distanciando o cristianismo dos passos do seu idealizador. Poderíamos dizer que aos poucos foi se invertendo a lógica do ensino de Jesus Cristo. Ele que seria o motivo da adoração, da reverência, do respeito, da obediência, foi sendo substituído pelos assessórios que tinham alguma ligação com a sua pessoa. Ou seja, o cristianismo foi deixando o Cristo ao lado de fora de suas atividades. Enquanto que símbolos, comemorações, tradições, mercadorias (e estas lembram o mercado, o negócio...) foram ganhando força e ocupando o centro das atenções nas reuniões, nos cultos, nas celebrações...
          Deste modo cerca de quatro séculos depois de Cristo nascia a festa do natal, substituindo uma festa de povos antigos da Europa, comemorada em homenagem ao deus sol, no dia 25 de dezembro. Um século depois nascia o Papai Noel inspirado ou em homenagem ao bispo turco chamado de São Nicolau. Ao final do século XIX foi criada por um cartunista alemão a imagem do Papai Noel com as características atuais. Em 1931 uma fábrica de bebidas à base de coca, nos EUA, adotou a imagem em seu rótulo e popularizou a figura pelo mundo.
          Não pretendo estragar o prazer, a alegria, o sonho e a ilusão das crianças, até porque neste espaço não escrevo prioritariamente a elas. Eu particularmente gosto das cores branca e vermelha, pois lembram o time pelo qual torço, o Internacional Esporte Clube (ou Colorado), recordam o movimento socialista, simbolizam a “paz” e a “paixão”, o fogo, dentre outros. Mas daí dizer que estes elementos comemorativos e cores nos reportam às novidades cristãs é outra história! É outra invenção! É outra criação! Pois ainda que muitos tenham defendido que o chamado “espírito do natal” não foi criado pelo comércio, este soube muito bem apropriar-se do conjunto dos seus elementos e fazer deles um motivo meramente mercadológico, longe do seu suposto motivo, Jesus Cristo. E isto é incontestável. Nossas crianças, adolescentes e jovens estão se acostumando a uma tradição completamente desenraizada de suas origens. Aliás, o natal, o papai Noel, a árvore de natal e os presentes, do modo como chegam, simplesmente negam o espírito cristão, o cristianismo e o Cristo Jesus! E dizer Feliz Natal neste contexto soa como algo sem conteúdo, sem base e sem sentido! 
Referências: ¹ Bíblia online. ² Bíblia Ave Maria.
Coluna Jornal Vale do Iguaçu (22.12.10).

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