domingo, 29 de junho de 2025

QUE "CRISTIANISMO"? IGREJA E REINO DE DEUS


Pode ser que pessoas me julguem como bom de crítica e ruim de prática. Pode até ser, mas não sou isentão, não como na mão de ninguém e não sou gado... Estou no Caminho. Entretanto há tempos venho analisando como o espectro, o mundo, o contexto chamado cristão, de forma geral, na minha forma de expressar, se tornou apenas uma 'caricatura', um verniz, um arremedo daquilo que é o Mestre Jesus de Nazaré, daquilo que ele viveu e ensinou convivendo com seus discípulos e os seus doze apóstolos, andando pelas ruas e estradas poeirentas da Palestina. 

Parece que o seguimento, a vivência cristã, se resume em se reunir, prestar um culto a Deus, que muitas vezes dá a impressão que se destina a outras entidades ou a pessoas que estão diametralmente contra a essência das boas novas da revelação em Jesus. 

E este culto ou celebração... se realiza através de hinos, orações,  por vezes coletas (atualmente, em muitas assembleias, precedidas de uma "pregação" enfadonha e constrangedora; há tempos - ano 2016 - em uma destas assembleias eu já tinha feito a minha oferta, mas a insistência foi tão grande que me vi na obrigação de pegar o cartão de crédito e levar até a máquina, ao fundo da "igreja", e fazer mais uma oferta). A centralidade na coleta do dinheiro (bem como a questão do dízimo) se caracteriza pelo viés do capital, digo, a instituição eclesial procede da mesma forma que a burguesia faz com a classe trabalhadora, baseada na exploração sem dó nem piedade,  por vezes,  até o último recurso das pessoas, tendo como pressuposto uma espécie de barganha com o divino, do tipo "você  dá a Deus e ele te abençoa com a prosperidade." 

Na continuação do culto há o anúncio da Bíblia que, supostamente, é a Palavra de Deus. Digo supostamente porque se 'ensina' uma babilônia de coisas que estão equidistantes de tudo o que vem do Mestre de Nazaré. Além do mais, neste processo de distanciamento do original, durante a celebração, há um ritualismo vazio com o qual as pessoas (fiéis) se acostumam e acham que é normal (normose) e até essencial como testemunho da sua fé e como meio de agradar a Deus. 

Quanto ao mais, muitas congregações se caracterizam pelo exclusivismo, o puritanismo (seus membros são os melhores,  os únicos,  os santos!) como se nao pudesse haver amizade com outras pessoas fora da 'minha bolha'. Sua postura é marcada pelo moralismo (para não dizer falso moralismo), enquanto questões candentes, como os necessitados da assembleia ou aqueles que estão ao redor dela, na comunidade, são simplesmente ignorados como se fossem naturalmente próprios da "paisagem". Seu jeito de se apresentar (roupas,  cabelo, alimentos) é condicionem sine qua non de que se é salvo ou não!

A igreja, a assembleia dos discípulos e discípulas de Jesus de Nazaré, que na compreensão dos estudiosos biblistas e da vida cristã, é o sinal e instrumento do Reino de Deus, ocupa a centralidade da organização,  do ensino, da doutrina, em prejuízo daquele do qual mal se faz referência ou se fala como algo distante, utópico... No entanto, apesar de o termo igreja ser citado apenas duas vezes por Jesus (Mateus 16 e 18), sobre o Reino de Deus ele fala cerca de 90 vezes ao logo dos Evangelhos. No entanto, com base nas falas de Jesus de Nazaré o Reino de Deus já está entre nós e ainda não (porque será completo ao final dos tempos, quando da manifestação de Jesus Cristo). Ele falou da sua primazia em nossa vida (Mt 6.33), que já está em nosso meio (Lc 17.21), que ele está próximo (Mc 1.15). E o apóstolo Paulo escreveu sobre suas características: "O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14.17).

Pois bem, feita esta pequena análise de como percebo o chamado cristianismo, gostaria de fazer uma referência, dentre inúmeras com as quais tivemos acesso, a uma obra que, providencialmente,  veio ao nosso encontro na semana anterior, durante a Escola do MPA Sul (em Guarapuava). Vou fazer uma citação literal sem interpretações do original. Wolff em sua obra, ao trazer uma análise da concepção de cristianismo (utilizando-se do metodo de análise do velho barbudo) afirma sua oposição a:

"Um idealismo sem relação com o concreto; uma forma de alienação da realidade; compromisso em manter e defender a sociedade de classes vigente; alívio emocional e de culpa, através da caridade e da ritualização religiosa."¹

Pouco antes, ao tratar sobre a visão religiosa, diz Wolff: 

A fé bíblica é um elemento vivo, inserida nas lutas concretas dos explorados, expropriados e oprimidos ao longo da história por uma sociedade não classista, livre, igualitária,  de irmãos/irmãs. Portanto, ela se renova diante dos desafios concretos, incorporandonovos elementos e projetando novos caminhos do Projeto de Deus.²

Ao final desta referência, sem pretender "provar Mundos e fundos" com apenas um autor, vou encerrando provisoriamente esta matéria com a intenção de retornar e aprimorá-la com mais profundidade.

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¹. WOLFF, Güinter Adolf. O Projeto Político Revolucionário Global de Deus para a Humanidade. Florianópolis: Fedayin, 2023.

². Idem. P. 16.

terça-feira, 3 de junho de 2025

XENOFOBIA NO MUNDO CAPITALISTA E SIONISTA



          "O termo xenofobia provém do conceito grego composto por xenos (“estrangeiro”) e phóbos (“medo”). A xenofobia faz, deste modo, referência ao ódio, receio, hostilidade e rejeição em relação aos estrangeiros. A palavra também é frequentemente utilizada em sentido lato como a fobia em relação a grupos étnicos diferentes ou face a pessoas cuja caracterização social, cultural e política se desconhece. A xenofobia é uma ideologia que consiste na rejeição das identidades culturais que são diferentes da própria."¹ Xenófobo,  por dedução,  é a pessoa ou povo que pratica a xenofobia

          Compreendidas as palavras, vamos lembrar brevemente o que vai por aí em termos de xenofobia. Lembremos que países europeus, como Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Turquia, dentre outros, aqui na América, os EUA, têm agido com base na discriminação,  no preconceito,  no racismo,  em resumo, com base na xenofobia. Paradoxalmente parece que ativistas, partidos ou mesmo governos estão com amnésia histórica.  Não lembram, por exemplo, que seus países invadiram a América partir do século XV, ou invadiram massivamente a África e a Ásia a partir do século XIX,  deles roubaram seus territórios, destruiram suas sociedades, desmantelaram suas economias, conspuscaram suas culturas,  acabaram com as suas identidades e desrespeitaram seu meio ambiente. Não contentes, ainda impuseram suas culturas em todos os aspectos e tomaram conta dos seus espaços através da imigração dos seus territórios originais para os territórios invadidos. E hoje utilizam de artifícios legais para impedir estes povos de irem morar em seus territórios ou os expulsam como invasores ou criminosos.

          Exposto este quadro trágico sobre as movimentações das diversas culturas sobre o Planeta, lembremos, também, do povo de Israel, "o povo eleito", que há milênios, sob orientação de um deus sanguinário, exterminou as nações do Oriente Médio e criou um Estado Teocrático, que no ano 70 d.C foi destruído pelo Império Romano e seu povo disperso pelos quatro cantos da Terra. Pois bem, ao final do século XIX começou um movimento de judeus em busca de retornar ao antigo território. Nas primeiras décadas do século XX este movimento foi crescendo. Após a 2ª Guerra Mundial,  diante da perseguição aos judeus, especialmente depois grande perseguição e do holocausto judeu, feito pelos nazistas alemães, os judeus,  através do movimento sionista, deram continuidade à ideia de recriar o Estado de Israel. 

          Mas não nos enganemos! Supostamente o sionismo luta pelas origens semitas e por tudo aquilo que este termo representa. Entretanto, o sionismo israelense não luta pela defesa da religião judaica! Seus "planos são colonialistas baseados no racismo e no supremacismo racial em aliança total com os interesses do imperialismo e do grande capital" (Br247, 11/10/24). Inclusive, pasmem, o segmento dos religiosos judeus ortodoxos se opõe não apenas ao sionismo, mas até à ideia e projeto de criação de um Estado de Israel que, supostamente, seria para reconstruir o Israel bíblico, conforme se concretizoua partir de 1948. Porém o atual Estado de Israel não tem absolutamente nada a ver com a Nação de Israel bíblica. O Israel da promessa é materia vencida desde quando ele negou Jesus de Nazaré como Salvador e o matou com o apoio do governo romano do qual Israel era uma das suas colônias. Israel atual é um Estado delinquente. É um Estado fascista. É um Estado de extrema direita. É um Estado neonazista. É um Estado genocida. É um Estado desumano e criminoso de guerra. Mas para piorar o quadro da ideologia sionista teologos cristãos (mormente do meio evangélico, especialmente Scofild) semearam a crença segunda a qual, ao "final dos tempos", Israel seria reconstruído, teologia baseada nas "sete dispensações", uma ideologia "bíblica" bem urdida, tendo como pressuposto o medo...


          Mas o que é guerra? Toda a guerra é uma estupidez programada pelos poderosos (governantes e fabricantesde armas), executada por soldados (com alta tecnologia) e os territórios e povos sofrem as consequências (destruição,  ferimentos e mortes). Guerra é quando dois ou mais países,  devidamente armados lutam, se destroem, se mutilam, se matam... Agora, no caso da Palestina (Cisjordânia e Gaza), um povo desarmado, está acontecendo um massacre,  um genocídio, perpetrado pelo Estado Sionista de Israel, armado com apoio dos EUA até às bordas, com as tecnologias mais mortais de guerra! 

          Este quadro iniciou-se há 76 anos (1948) quando judeus sionistas iniciaram a invasão terrorista sobre o território palestino, matando, expulsando milhões, realizando um apartheid e confinamento dos povos que ali viviam há milênios, como em campos de concentração nazistas. Ou seja, uma limpeza étnica sem fim, o genocídio do povo palestino. E o surgimento do Hamas, há poucas décadas, foi uma reação ao terrorismo contínuo do Estado de Israel. Entretanto é necessário entender que a crença de que este Israel tem a ver com a Bíblia é uma   paranóia, defendida por muitos crentes, mas que atende apenas como um enclave no Oriente Médio  ao imperialismo capitalista inglês e estadunidense.



          Basta de sionismo cometer toda sorte de crimes, como racismo, xenofobia, guerras absurdas e genocídio e que, diante das reações e resistência aos seus crimes, se faz de vítima de antissemitismo! 

Sergio Bucco

          


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¹ - https://journals.openedition.org/laboreal/7924#:~:text=A%20xenofobia%20faz%2C%20deste%20modo,cultural%20e%20pol%C3%ADtica%20se%20desconhece.

terça-feira, 18 de março de 2025

CAMPO FORTE É IGUAL CIDADE FORTE

Fonte da imagem: https://brainly.com.br/tarefa/44562091

Segundo o estadunidense Benjamin Franklin,"Se as cidades forem destruídas e os campos forem conservados, as cidades ressurgirão, mas se queimarem os campos e conservarem as cidades, estas não sobreviverão".  E tem uma frase muito popular que “Se o campo não planta, a cidade não janta”. O que está dito acima é  verdade. 

E de nossa parte, muito pra além  das retóricas verborrágicas "para inglês ver", o campo - a vida dos camponeses, as estruturas produtivas, organizacionais, culturais, o escoamento da produção - pode ser  verdadeiramente pujante se tiver incentivos por parte do governo municipal, estadual e federal. Nesta perspectiva precisamos superar as estruturas fundiárias injustas (trabalho análogo à escravidão, terras improdutivas, o não cumprimento da função social da terra, os crimes ambientais, o boicote ao Estado, dentre outros). Para isto o poder público tem um papel fundamental. Não se trata de parternalismo, mas de fazer valer as leis que dizem respeito ao ordenamento jurídico da vida social. 

Para que  tudo isto se realize rumo a um campo forte o contexto rural precisa de alguns pré-requisitos com sistema viário adequado  (boas estradas com calçamento ou asfaltamento), acesso a crédito agrícola com juros decentes (o que é impossível se depender apenas da boa vontade dos banqueiros), a reforma agrária que facilite o acesso à terra, assistência técnica não apenas convencional, mas com alternativas de Agroecologia,  Permacultura,  Agricultura Natural,  que não dependa dos pacotes químicos que tornam os agricultores escravos e dependentes da indústria veneneira, a cultura de um ambiente equilibrado e saudável, o desenvolvimento  de associações e/ou cooperativas bem organizadas e sob responsabilidade dos camponeses,  as condições para uma educação Libertadora e Emancipadora (utilizando-se das melhores Iinhas pedagógicas, bem como de bibliotecas e tecnologias contemporâneas - APPs e Internet), a organização de feiras com produtos do campo (hortícolas, frutíferas e agricolas em geral, artesanais,  agroindustrializados). Ou seja, o campo precisa ser visto  e encarado não como um apêndice da cidade, mas como a sua base estrutural e de sustentabilidade. Sendo assim podemos falar de campo forte e como consequência de cidade forte. Porque não existe uma cidade equilibrada e saudável sem um campo devidamente estruturado, produtivo e sustentável.

Sergio Bucco Agroecologista

sábado, 8 de março de 2025

DURANTE O CARNAVAL FUI A UM ACAMPAMENTO CRISTÃO

 


Exatamente, fomos convidados e fomos, porque estaríamos com uma parte da nossa Família, incluindo a Mãe 💖, porque vimos como uma possibilidade de rever pessoas  amigas, de descansar e porque poderíamos rever um pouco as Boas Novas de Jesus e até aprender algo novo como servos dele. 

Não nos refugiamos em uma bolha, alienados da realidade. Muito pelo contrário! Num momento de olho no Evangelho, interagindo com gente, e noutro de olho na Mídia Alternativa (digo, Mídia não corporativa, comercial, nem fascista). 

Por outro lado, se estivéssemos em casa ou na comunidade de Candói não iríamos pra nenhuma farra, não estaríamos de beberagem, nem praticando violência ou morte, e muito menos dando trabalho para a polícia.

Se não fôssemos para um acampamento cristão ficaríamos em casa, na vizinhança, na comunidade, trabalhando, estudando, pesquisando, cuidando da espiritualidade, realizando visitas ou simplesmente descansando.

Sergio Bucco 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

VISITA AO PROJETO ANJOS INOCENTES, DO PAI

 A  partir de uma visita ao amigo Sr Gercidi soube de um projeto que acolhe pessoa em estado de vulnerabiidade, oriundas de um núcleo residêncial próximo, cuja população é maior que a do Município de Candói. Pois bem, passados alguns dias, na quarta feira, após o meio dia, me impus a tarefa de encontrar o referido local, que depois de várias informações, consegui localizar. Fica de frente com a RPC, na sequência  de onde estão novo loteamento e condomínio... Finalme cheguei. Abriu-se o portão e fui recebido de forma muito simpática pelo Frei Alexandro, organizador do espaço e dirigente. A todo tempo passavam crianças e adolescentes, que vinham até ele, pediam a benção, educadamente me cumprimentavam e iam aos seus afazeres ou para casa. 

Ao longo da tarde discorremos sobre os mais diversos assuntos,  como sua História de Vida, a sua criação,  a vocação sacerdotal, sua formação na Ordem dos Mínimos, no Brasil  e na Itália, a sua experiência na recuperação de seres humanos dependentes químicos e de acolhimento de crianças em situação de vulnerabilidade. A nossa conversa foi muito amistosa. Discutimos bastante,  rimos um tanto e falei um pouco da minha trajetória de vida, a família, o seminário católico, a formação,  o Trabalho como Educador,  a caminhada de fé desde a igreja Católica e mais tarde no meio evangélico.

O Fr Alexandro me orientou que se fosse escrever alguma coisa sobre nosso primeiro encontro, não era para falar da pessoa dele, exceto "que é um louco". Eu diria que é  mesmo, um louco pelo exemplo de Amor e serviço  de Jesus de Nazaré!

Ao invés, pediu que falasse sobre a obra do PROJETO ANJOS INOCENTES. É uma  tarefa hercúlea,  com Oficinas de Reforço Escolar, Artesanato, Curso de Línguas,  de Música (sopro e cordas), Balé, Teatro, Esportes, Hapkido (defesa pessoal), Informática,  dentre outras atividades que estão projetadas para a sequência. De qualquer forma é  um projeto muito ousado, é gigante, com um potencial de expansão.  As crianças chegam de suas casas em dois turnos (M/T). Têm pelo menos três refeições servidas no refeitório de manhã e à tarde. Muitos aspectos me chamaram a atenção,  mas foco em alguns. As crianças vêem de uma comunidade distante cerca de um km. São marcadas pelos mais diversos problemas afetivos, familiares, físicos,  econômicos,  sociais, dentre tantos outros.  Mas você observa cada um, cada uma, e vê neles um grau de contentamento, de serenidade, de responsabilidade ímpares.  Ao final do seu turno todos têm tarefas de limpeza e organização nos locais utilizados durante as atividades. A casa tem bem poucos funcionários e conta na maioria das Oficinas que são realizadas com Trabalho Voluntário de instituições, Faculdades,  Universidades, dentre outras. Os recursos financeiros são oriundos de doações das mais diversas categorias de pessoas e instituições,  inclusive o magnífico terreno onde está o projeto,  de promoções como almoços,  jantares, dentre outros. O projeto não conta com absolutamente nenhum apoio político, nem tem compromissos com partidos políticos (seja de esquerda,  centro ou direita), não tem convênios com Governos Municipal,  Estadual e Federal. Em resumo, a casa se sustenta com o Amor providencial de Jesus e o apoio de pessoas humanas, generosas, solidárias que doam e se doam pessoalmente àquelas crianças com vistas a um mundo melhor e a construção do Reino de Deus.  

Agradecido,  Frei Alexandro Nunes, pelo tempo disponibilizado a mim para conhecer tão maravilhosa obra!

Sergio Bucco 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

COMO PODE SER ANO NOVO?

 Autor: Sergio Bucco 

Fonte:  ¹

Como pode ser Ano Novo
se o ser humano -- eu, você, ele, nós... continuamos fazendo barbaridades sobre este Planeta que para todos é uma Mãe?

Como pode ser Ano Novo se o egoísmo, o ódio,  o engano campeiam dentro do que chamamos humanidade?

Como pode ser Ano Novo se falamos do "Amor de Deus", da "Fraternidade Universal", das "Boas Novas", mas a nossa prática está  desenraizada destas bases?

Como pode ser Ano Novo se transformamos Jesus Cristo em uma caricatura e uma listagem de moralismo desterrada da possibilidade de "um novo Céu e de uma nova Terra"?

Como pode ser Ano Novo se os recursos naturais -- que inclusive são finitos -- estão monopolizados (entenda-se dominados) por "meia dúzia" de homens detentores de grandes conglomerados econômicos?

Como pode ser Ano Novo se a Ciência, as Tecnologias e a produção  -- nem sempre saudáveis e sustentáveis -- são apropriadas por uma pequena parcela de transacionais em prejuízo e precariedade de imensas populações?

Como pode ser Ano Novo se em nome do "desenvolvimento" se envenena o solo, o ar, as águas, os alimentos e se empesteia a vida com muitas doenças dentre as quais muitas incuráveis?

Como pode ser Ano Novo se em nome de um suposto "progresso" se produz muito além das necessidades humanas e se incentiva o "consumo infinito" dentro de um Planeta finito?

Como pode ser Ano Novo se a estupidez e a ganância humanas ainda promovem guerras nas quais os seus promotores estão "bem", mas populações inteiras sofrem desterro, sede, fome, ferimentos,  doenças,  morte e destruição  total dos meios de manutenção da vida?

Como pode ser Ano Novo se o engano, a falsidade,  a mentira,  a ilusão,  o engodo,  a ignorância continuam dando o tom e o rumo das massas humanas conduzindo-as ao precipício?

Como pode ser Ano Novo se em nossas posturas predominam a desinformação,  a incapacidade de ver e analisar,  de simplificar a vida e as nossas relações com o próximo e todo o Meio Ambiente do qual somos integrantes?

Como pode ser Ano Novo se o segmento político continua corrompendo com os recursos públicos e se coloca como capacho de grandes corporações financeiras (também chamadas de "mercado")?

Como pode ser Ano Novo se, em resumo, não vivemos coerentemente com o que professamos e pregamos, como o amor,  a simplicidade,  a compaixão,  a resiliência, a solidariedade, a justiça e a paz no chão da realidade que é para ser comum a todas/os?

Como pode ser Ano Novo se, finalmente,  tudo continua como dantes no coração e na mente dos seres humanos que, igual avestruz, esconde sua cabeça nas tocas da ignorância?

Como pode, conforme o acima exposto, se afirmar que é Ano Novo? 

¹Fonte da imagem: https://www.google.com/search?client=tablet-android-samsung-ss&sca_esv=c853420e34a96f26&sxsrf=ADLYWILRmSCr_sk4rK-qa3zpVpennODdXw:1735738530747&q=planeta+terra+protegido+imagem+gr%C3%A1tis&udm=2&fbs=AEQNm0AuaLfhdrtx2b9ODfK0pnmi046uB92frSWoVskpBryHTvXAcQd7vp80ISgpQqOrJlJ1fF0j5Y1X9xOSWf9RFNq3N46SALeLww5Va_saSPrUvzb7rREWAvlF6MDJSb05zmoYEiydXvNOeQbIzJIOL1LEV2zHPZn-wyE-JUmckXiinxyyYkzSNr5kMhHDUdQhUmR_c9ACuzZ8huULITVgd9ZHw_9s5PMDAmyQY2XtxP1nPz3hM34&sa=X&ved=2ahUKEwiY_7D00dSKAxUQA7kGHQmKHzoQtKgLegQIEBAB&biw=800&bih=1280&dpr=1.5#imgrc=6ZuXTzDdiGbHbM&imgdii=4C-1oLEo7HIJ1M