Na condição de divorciado falo a partir da própria experiência. As assembleias cristãs, ou as instituições eclesiais, têm diferentes posturas quanto ao trato com pessoas que passaram por separação e divórcio.
Cada caso é um caso. Não há um contexto padrão que leva um casal à separação. Pode haver desde uma incompatibilidade quanto ao modo de ver e enfrentar o dia a dia da convivência e projeto de vida; há casos que por alguma incongruência o casal viva, melhor, não viva minimamente a vida comum e compromisso mútuo; acontece por vezes que uma família, com filhas/os pequenos, adolescentes... vivam um característico inferno, com grosserias, diferentes formas de violência, situações traumatizantes, há casos de fatores diversos, como vícios, alcoolismo, dentre outros. E em todos estes contextos, uma vez que não se consiga o entendimenro e a superação, se chega à situação de divórcio. Obviamente que estamos nos referindo a casos pra além do nosso egoísmo, das relações como algo descartável ou simples afrouxamento das relações conjugais.
A institucionalidade cristã, como sinalizei ao início, em muitos casos é implacável e excludente. Uma vez que você é divorciada/o fica à margem das atividades congregacionais, rituais, como cultos, participação da comunhão (a ceia), ministração de mensagens, dentre outras atividades. Para isto as lideranças têm por base uma passagem em que, após os fariseus buscarem enredar Jesus, ao final da discussão, este condena o repúdio à mulher. A interpretação de alguns segmentos é de que para além do divórcio, havia o repúdio, que colocava a mulher numa condição de total vulnerabilidade, pois ela era jogada na "rua da amargura" sem qualquer direito.
De minha parte, em que se observe esta compreensão entre "divórcio" e "repúdio", eu escolho olhar para Jesus de Nazaré. Tenho como fundamento da minha posição a amorosidade, a compaixão e a misericórdia de Deus reveladas em Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.1-18). Eu não ficaria congregando à margem de uma comunidade na condição de um "cristão de quinta categoria". É claro que não sou nenhum luminar de virtudes e honra, nem melhor do que ninguém, mas do ponto de vista da espiritualidade crística, pra além das convenções excludentes e marginalizantes, sou profundamente grato a irmãs/ãos que escolheram o acolhimento com base na misericórdia divina. Amém!
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