sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Seminário de Educação do Campo - Col. Est. da Cachoeira - Candói - PR

Como parte do Pro Jovem Saberes da Terra, o Educador Carlos Alberto Freitas (Especializando em Educação do Campo - UFPR) programou com a Comunidade Escolar do Colégio Estadual da Cachoeira um Seminário de Educação do Campo (EdoC) que tinha por objeto o processo de mudança do referido Colégio para EdoC. Na parte da manhã o seminário destinava-se às/aos Educadoras/es e autoridades municipais (dentre outras, o Alcaide Municipal e a Secretária de Educação, na abertura). Os Vereadores foram os grandes ausentes do processo de discussão. Eleitos pelo voto do Povo, não sabem o que está acontecendo nas esferas populares, organizativas e em setores de tamanha importância, como é a Educação. Este momento culminou com um belo almoço preparado nas dependências do colégio. Continuamos a segunda parte do evento, à tarde, com mães, pais e estudantes.

Neste Seminário estiveram presentes alguns Estudantes da Comunidade da Cacheira que hoje fazem cursos universitários em diversas instituições de ensino superior do PR e outras. Estavam conosco (ou pertencem a esta comunidade) Jacir, Joci (Escola Latinoamericana de Agroecologia - Lapa - PR), Sandra, Nayara (EdoC UNICENTRO - Laranjeiras do Sul - PR) e Emerson, jovem do MPA (cursando Medicina na Venezuela,  através de Convênio dos Governos brasileiro e venezuelano). Podemos afirmar que a presença de Anthony, um jovem camponês de um movimento social do Estado de Minnesota, EUA, foi muito bom ao evento. Não que sejamos personalistas ou queiramos massagear egos. É enriquecedor podermos fazer intercâmbio de experiências com camponeses de outros países, ainda mais quando este é do país simbolo do capitalismo e do imperialismo mundial. E saber que lá os camponeses sofrem os mesmos problemas que sofrem os camponeses das "colônias" pelo mundo afora, por conta das políticas do Agronegócio (em inglês 'agribusiness').


No tocante à conferência que proferimos, nos perguntamos que Concepção de Educação e que Concepção de Campo que defendemos? Se se refere à Educação Rural ---> Território do Agronegócio? Ou a Educação do Campo ---> Território da Agricultura Familiar e Camponesa


A Educação Rural é o Território do Agronegócio e é o Projeto da Morte, baseado no pacotão de tecnologias (importadas) sob controle do capital de seis empresas transnacionais, que degradam o Meio ambiente com seus processos e maquinários, com seus venenos que contaminam o solo, o ar, a água, os alimentos, os seres humanos e toda forma de vida, que ainda exclui e esvazia o campo, pois seu único objetivo é a exploração dos Trabalhadores, o lucro e o campo sem gente! É definida pelas necessidades do Mercado de Trabalho, através de adestramento reprodutivista para criar um "exército de reserva" para estar à disposição das empresas, a fim de trabalharem como empregados assalariados.   É pensada a partir do mundo urbano.   Retrata o campo a partir do olhar do capital sobre os seus sujeitos de forma estereotipada, inferiorizada e discriminada.


Enquanto que o Território da Educação do Campo é aquele do Projeto da Vida, baseado no respeito aos saberes ancestrais e desenvolvido a partir da Matriz Tecnológica e Pedagógica da Agroecologia, que respeita os seres humanos e toda a forma de vida, está baseada nas práticas saudáveis, na Justiça, na Solidariedade, na cooperação, na terra como espaço de vida e resistência, de produção material e simbólica, das  condições e manutenção da existência, de construção de identidades. Construída pelos e com os sujeitos do campo (do e no campo) na perspectiva do Mundo do Trabalho, com possibilidade de Trabalho Autônomo (por conta própria), de Trabalho Associativo e Cooperativo, Trabalho como emprego assalariado (no campo e na cidade). É pensada a partir das especificidades e do contexto do campo e de seus sujeitos. E compreende as relações campo-cidade como interdependentes e complementares. Entende a formação humana como direito dos camponeses.


O Campo da Educação do Campo é o meio  de vida dos sujeitos do campo; lugar de lutas e conflitos; com culturas próprias; que coexiste com a cidade. E configura um conceito político ao considerar as particularidades dos sujeitos e não apenas sua localização espacial e geográfica. 


Entender o campo como um modo de vida social contribui para auto-afirmar a identidade dos povos do campo, para valorizar o seu Trabalho, a sua História, o seu Jeito de Ser, os seus Conhecimentos, a sua Relação com a Natureza e como Ser da Natureza. 
 
Francieli (Assist. Social), Vítor (EdoC) e Anthony (camponês dos EUA).

À direita, Emerson (Jovem Estudante de Medicina na Venezuela).

Visão geral do Seminário.

Distribuição de "Sementes:
patrimônio dos povos a serviço da humanidade"
e que a Monsanto e Cia querem tornar propriedade
a serviço do capital.

Sergio Bucco (eu) proferindo conferência sobre Concepção de EdoC.

Continuação...

Anthony (Camponês-EUA), Emerson (Br-Venezuela),
Marciane (EdoC-NRE-Gpuava),
Vitor Moraes  (EdoC, Mestrando UNESP),
Jacir   (Acadêmico Agroecologia),
Sergio Bucco (Educador Camponês),
Carlos Alberto (Org. do Seminário de EdoC).

Educador Vitor de Moraes
(Proferindo Conferência sobre EdoC como Política Pública).

Vitor de Moraes (continuação...).

"Sementes:
patrimônio dos povos a serviço da humanidade"
(para serem distribuidas)
e que a Monsanto e Cia querem tornar propriedade
a serviço do capital.

1º plano, Enir (Educadora, aposentada) e Samuel (Jovem Educando).

Educadores e Educandos do Pro Jovem Saberes da Terra
(Organizadores do Seminário de EdoC).

Os mesmos acrescidos de Marciane e eu (conferencistas).

Diretora Elisângela do Col. Est. da Cachoeira (e filhinha).

Marciane (EdoC - NRE) proferindo conferência
sobre a Legislação que embasa a EdoC.
Nayara (Acadêmica EdoC - UNICENTRO).

Jacir (Camponês, Acadêmico de Agroecologia)
no comando do computador.





Uma bebê que participou das discussões...

Uma das 7 belas Cachoeiras que fazem jus ao nome da Comunidade...


Ao final deixamos o poema: 
Urgência de viver, urgência de ser 
(Armando Artur – poeta moçambicano)

É urgente inventar
novos atalhos
acender novos archotes
e descobrir novos horizontes.
É urgente quebrar o silêncio
abrir fendas ao tempo
e, passo a passo habitar outras noites
coalhadas de pirilampos.
É urgente içar
novos versos
escalar novas metáforas
e trazer esperanças
recalcadas pela angústia.
É urgente partir
sem medo
e sem demora
para onde nascem os sonhos
buscar novas artes
de esculpir a vida.

Nenhum comentário: