quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O REVERSO DO DIA DE FINADOS


No domingo, em reunião familiar, conversávamso sobre as ações referentes ao dia dos mortos. Hoje, em nosso local de Trabalho, retornamos ao tema... Naquele dia falávamos sobre as toneladas de flores que são levadas aos cemitérios para enfeitar o espaço das pessoas falecidas. E de como estas flores, na semana subsequente, são transportadas pelo sistema de coleta de lixo até os aterros sanitários. E hoje avaliávamos sobre as toneladas de parafina (ou produto similar) que são igualmente quemadas para homenagear os entes queridos. E que, em dias quentes como tem sido agora, deve aumentar a poluição, como contou-nos um companheiro (Gilberto) que esteve em São Paulo no fim de semana e ao visitar o cemitério, sob um calor de 40 graus, ainda tinha aquele mar de velas aumentando o efeito de calor no ambiente. E, de qualquer modo, as velas constituem um desperdício, pois não fazem diferença alguma para quem já passou para outra dimensão.

Entendemos, em ambas as situações, como um despropósito resultante de uma cultura, de uma crença, de um costume que precisa ser questionado, repensado e dado encaminhamentos mais inteligentes e racionais. Não somos contra o cultivo da memória das pessoas que já morreram... Quando paramos diante de uma simples lembrança nos é muito doloroso a falta das pessoas amadas, que já não estão entre nós, como uma irmã, um vovoso, um/a amigo/a... São lacunas que nos custam muito e não tem como preencher!

Mas nos perguntamos se vale a pena tanto material (flores e velas) simplesmente jogados fora?!? São tantas as instituições sérias que estão trabalhando para resolver as questões sociais da falta de trabalho, da falta de terra, da falta de alimento, da falta de moradia, da falta de educação, das faltas de tudo na vida de tantas pessoas que estão entre nós... E estas não trabalham apenas dando esmolas e criando dependência paternalista! São organizações que tem procurado criar condições de vida digna e aparelhamento aos nossos semelhantes marginalizados pelo sistema excludente. Está ai uma oportunidade de avaliarmos estas ações, que para alguns constituem a unica coisa para relembrar os mortos e depois, durante o ano todo, não fazem mais nada!

É possível, é recomendável e deveria ser  exigido que os cemitérios se tornassem ambientes mais discretos, ajardinados. E até se poderia plantar neles pomares, como era lá em Ponta Grossa/PR, no Convento das Irmãs Servas do Espírito Santo, onde se produziam peras muito saudáveis e gostosas! Junto com espaços verdes há que se pensar menos monumentos que só ocupam o espaço, e partir para recolhimento periódico de ossos (para guardar ou dra outros destinos). Ah, já pensaste como fica bonito um cemitério cheio de flores vivas nele cultivadas, sem aquele monte de plástico ou de flores ali colocadas hoje e que amanhã serão jogadas no lixo?

Nenhum comentário: