E de nossa parte, muito pra além das retóricas verborrágicas "para inglês ver", o campo - a vida dos camponeses, as estruturas produtivas, organizacionais, culturais, o escoamento da produção - pode ser verdadeiramente pujante se tiver incentivos por parte do governo municipal, estadual e federal. Nesta perspectiva precisamos superar as estruturas fundiárias injustas (trabalho análogo à escravidão, terras improdutivas, o não cumprimento da função social da terra, os crimes ambientais, o boicote ao Estado, dentre outros). Para isto o poder público tem um papel fundamental. Não se trata de parternalismo, mas de fazer valer as leis que dizem respeito ao ordenamento jurídico da vida social.
Para que tudo isto se realize rumo a um campo forte o contexto rural precisa de alguns pré-requisitos com sistema viário adequado (boas estradas com calçamento ou asfaltamento), acesso a crédito agrícola com juros decentes (o que é impossível se depender apenas da boa vontade dos banqueiros), a reforma agrária que facilite o acesso à terra, assistência técnica não apenas convencional, mas com alternativas de Agroecologia, Permacultura, Agricultura Natural, que não dependa dos pacotes químicos que tornam os agricultores escravos e dependentes da indústria veneneira, a cultura de um ambiente equilibrado e saudável, o desenvolvimento de associações e/ou cooperativas bem organizadas e sob responsabilidade dos camponeses, as condições para uma educação Libertadora e Emancipadora (utilizando-se das melhores Iinhas pedagógicas, bem como de bibliotecas e tecnologias contemporâneas - APPs e Internet), a organização de feiras com produtos do campo (hortícolas, frutíferas e agricolas em geral, artesanais, agroindustrializados). Ou seja, o campo precisa ser visto e encarado não como um apêndice da cidade, mas como a sua base estrutural e de sustentabilidade. Sendo assim podemos falar de campo forte e como consequência de cidade forte. Porque não existe uma cidade equilibrada e saudável sem um campo devidamente estruturado, produtivo e sustentável.
Sergio Bucco Agroecologista
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