Precisamos reforçar este questionamento: de que "independência" estamos falando, escrevendo, comemorando? Quem pretendeu ou ainda quer enganar quem? A independência do Brasil é ilimitada? O povo brasileiro, enquanto coletividade, é realmente independente?
Um dia, há mais de 500 anos, este território era ocupado, era cuidado, era integrado por povos originários, que nele superviviam com suas línguas, diferentes manifestações culturais, coletando e caçando, por vezes cultivando o solo.
Eis que, atendendo ao projeto capitalista chamado mercantilismo, o Brasil, a América, a África, a Ásia sofreram, a partir das grandes navegações marítimas, o "pacto colonial" e a consequente exploração predatória.
Para atender este processo de saque, especialmente das colônias da América (Sul/Centro/Norte) os colonizadores lançaram mão dos povos indígenas, que resistiram o máximo à escravização e, por isso, foram dizimados em grandes proporções. Frustrados com os "povos da terra", as metrópoles europeias foram à África buscar pessoas de diferentes nações africanas. E os portugueses o que faziam? Em tese administravam, no caso brasileiro, as terras invadidas, que mais tarde seriam chamada de Brasil. Portais de 300 anos predominou a exploração, o colonialismo, a escravidão...
Eis que, ainda atendendo a evolução do sistema mercantilista, encabeçado pelo capitalismo industrial (inglês, francês, alemão, holandês etc.) e atendendo os interesses das elites agrárias, depois de suplantarem a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, dentre outras revoltas, D. Pedro I proclamou a "Independência". Na sequência a tal Independência foi reconhecida por Portugal (que era o "dono do Brasil"), mas para isto o Estado Brasileiro teve que assumir a dívida externa de Portugal com a Inglaterra. Pronto! Lá se foi a nossa Independência econômica. A influência inglesa caiu pesadamente sobre os acordos e comércio brasileiros. Mais tarde a influência econômica ficou sob domínio do capitalismo estadunidense (EUA). Por último, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, paulatinamente, o Brasil foi sendo dominado economicamente por grandes corporações transacionais. Ultimamente este domínio está nas mãos dos rentistas, que nada produzem através da especulação financeira bancária, mas que tudo detêm e controlam.
Por volta de 2016 a 2022 este Pais, do ponto de vista político, esteve sob domínio de um segmento neofacista, que se dizia "patriota", mas fazia continência às bandeiras norte-americana e israelense. Em suma, falavam da Pátria, mas a vilipendiavam diuturnamente, desrespeitando a maioria do Povo e vendendo as riquezas nacionais para o estrangeiro a troco de quase nada, bem como minimizando os direitossociaise trabalhistas. Escrevo isto de forma muitíssima resumida.
E a Nação Brasileira como ficou neste contexto de "independência"? Como estão os segmentos do povo, os indígenas, os negros, os "trabalhadores livres" (que vêm desde o Brasil colonial)? Como está a situação d@s Trabalhador@s público@s e privad@s em seus direitos minimamente humanos e democráticos, como Trabalho, Renda, Moradia (Habitação), Alimentação, Educação, Segurança, Lazer, Felicidade? Respondidas estas questões, o que está relativamente fácil, podemos afirmar ou não que o Brasil é um País independente e Soberano.
Sergio Bucco - Professor de História, Filosofia e Educação Ambiental e, ultimamente aposentado, sou apenas um Vovô, Bonsaísta, Camponês Agroecologista, Antifascista, quase anônimo.