sexta-feira, 15 de junho de 2012

Professores - Como sobrevivem?

Uma postagem (no Facebook) sobre a dura realidade em que trabalham Professores e Professoras com o complexo e desumano contexto das Escolas, me fez tomar uma atitude como resposta a um questionamento de uma camarada amiga que disse: "É isso ai... Como?" Ao que repliquei, depois de relutar: "Cara Deisy Zago, não sei como se faz... Mas te digo, estou ressuscitando uma antiga tese de que a ESCOLA É UMA FÁBRICA DE LOUCOS... Pois está insustentável manter confinados um monte de crianças e adolescentes, tipo rebanho de gado preso, que são obrigadas a ficarem quietos, em espaços completamente impróprios, onde se tu respirares um pouco com mais força acabas por atrapalhar as salas contíguas. Some-se a este belo quadro o fato destas crianças chegarem com inúmeras carências, como as econômicas, afetivas, de orientação, valores, dentre tantas outras! Só não renuncio a este espaço tão nobre de Trabalho porque estou passando de 30 anos de atuação e seria uma covardia fugir do desafio. Mas reafirmo o que escrevi outro dia: GOSTARIA QUE OS GOVERNOS, SECRETÁRIOS DE EDUCAÇÃO, POLÍTICOS EM GERAL... viessem viver a dura rotina que vivemos semana após semana nas Escolas! Que não viessem apenas um dia ou outro trazer bonitas falas! Mas experimentassem a continuidade da vivência nos "monumentais prédios" planejados entre quatro paredes, sem conhecerem a realidade! Não dá mais..."

E acima, quando falo da Escola como uma FÁBRICA DE LOUCOS, não estou me referindo à loucura enquanto destoar da onda da maioria, do rebanho de dóceis ovelhas, de alienados, de inconscientes (o que em si já é horrível em boa medida!). Me refiro ao estres, à somatizações, às doenças mentais, à esquizofrenia,  síndrome de Burnout, à total perca de senso da realidade a que somos submetidos... 

E o pior de tudo isto é que diante deste lúgubre quadro parece que nos acostumamos. Afinal, é o nosso Trabalho, é de onde tiramos o nosso sustento, o "pão nosso de cada dia", é onde temos determinada segurança mais ou menos construída, através do qual nos mantemos e adquirimos um determinado padrão de vida e queremos mantê-lo... Nem que para isto, ao final de alguns anos, estejamos na condição de resto inútil, dentro de uma sociedade que descarta cada vez mais o ser humano, velhos de toda ordem de segmentos e classes sociais, como estorvos, improdutivos, obsoletos! E que pelo processo de desgaste a que somos submetidos diuturnamente não sejamos úteis nem para viver nem para usufruir de alguns benefícios conquistados com uma possível aposentadoria! Parece que vamos perdendo nossa capacidade de reação coletiva, muito além daquelas reações individuais e isoladas que ouvimos diariamente e às quais muitas vezes fazemos coro! Não! Não dá mais para sofrermos resignadamente como se estivéssemos em um beco sem saída! Temos que fazer valer o exercício da cidadania e darmos um basta aos nossos pseudos representantes e burocratas de plantão que pensam a Escola! Pensam? Pensam...


E tem mais! Não falei aqui da questão salarial dos Trabalhadores em Educação. Não fiz referências diretas aos investimentos nas estruturas escolares. Ainda não tratei da questão do "uso das novas Tecnologias na Educação". Neste quesito quero destacar sobre o aparelhamento das Escolas. Utilizarmos tecnologias é bastante tranquilo. Porém o pouco que tem, como as TV-Pendrive, por vezes não funcionam ou tem limitações técnicas na utilização de diversos programas. Projetores Multimídia, a escola só tem dois e as vezes só não disputamos a tapa porque somos educados! O Laboratório de Informática , com 20 PC (para atender mais de 1000 educandos/as), sempre conta com uma parte de máquinas estragadas (que dependem de assistência técnica do NRE). E, quando funciona, a internet é lenta! As salas têm quadros brancos, de modo a não ser necessário viver de baixo da nuvem de pó de giz. E os Registros Escolares (como deve ser na maioria das Escolas Públicas) são feitos em cadernos específicos, com uma orientação altamente burocrática, mediante a qual se perde muito, mas muito tempo... Sendo que apenas uma "máquina" (programadas) nas mãos dos educadores resolveria todas as questões de Registro Escolar, como Frequência, Conteúdos, Avaliações, Resultados Bimestrais, Final e outras. E isto em tempo real! De modo que o Estado (União, UF e PM) se quisesse uniformizar o processo pedagógico, como faz referente às políticas educacionais - visite o link abaixo e leia - (que coisa horrível!!!) poderia ter o controle de tudo constantemente... Mas não! Continuamos com abundantes Tecnologias disponíveis na sociedade, mas a Educação (que ainda está com um pé na Idade da Pedra e outro na Idade da Imprensa) continua gastando milhões por falta de interesse político, falta de visão dos governantes ou por conta de interesses econômicos e políticos destes com setores industriais! Tem outra respostas? Por favor, me contem!

Tendo escrito isto, fui buscar reforço e encontrei este texto: Os professores vivem tempos difíceis, sobre a obra "A Causa dos Professores".